Reflexão do Evangelho de Terça-feira e Quarta-feira – 17 e 18 de Dezembro


Reflexão do Evangelho de Terça-feira e Quarta-feira – 17 e 18 de Dezembro

Mt 1, 1-17. 18-24 - Genealogia de Jesus

 

         O sentido e a importância das genealogias na Bíblia são bem conhecidos. No caso presente, o evangelista resume o Antigo Testamento a uma história que conduz ao Messias, na certeza de que Deus dará cumprimento às promessas feitas e reiteradas através da história. Não se trata de dar conhecimento de um mistério isolado, mas levar à compreensão dinâmica da história da salvação e revelar que Deus, em sua fidelidade e generosidade, cumpre a promessa feita a Abraão e a Davi, promessa de enviar um Salvador e um Rei para governar a casa de Israel e para livrá-la de seus inimigos. A concepção virginal de Maria poderia sugerir que Jesus fosse alheio aos laços familiares e tivesse entrado na história do mundo sem laços físicos com a humanidade. A história de Maria nos precede e se situa nas palavras do Senhor que, através do profeta Isaías, proclama que “uma virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, Deus conosco”. Promessa que, qual estrela de esperança, refulge ao longo da história de Israel. Nome que lhe é dado por José que, por esse gesto, segundo costume judaico, assume a posição de “pai adotivo” e o insere na cadeia das gerações, desde Abraão.

 Ao gerá-lo por obra do Espírito Santo, Maria vai além da promessa feita a Davi e permite contemplar que o reino do seu Filho é o reino do próprio Deus e que nele se cumprem as esperanças postas no esperado “Cristo” ou Messias, cuja presença estende as bênçãos divinas a todos os povos e nações, constituindo-os, com Israel, um único povo. Nesse sentido, S. Cirilo recorda que “Abraão é figura dos dois povos, o povo judaico e o dos gentios, que creram em Cristo”.

Na longa série de gerações, síntese de uma história viva, despontam figuras anunciadoras da obra de Cristo e que nos levam à compreensão de sua pessoa. Inserido na história do povo de Israel, no dizer de Severo de Antioquia, “Ele participa da nossa natureza humana e cumpre todas as esperanças colocadas nele”. Assim, embora profundamente judeu, o evangelista S. Mateus apresenta uma rigorosa visão missionária e universalista de sua missão.  Igualmente, o novo povo de Deus, fundado sobre os apóstolos, remete-nos ao povo de Deus, herdeiro das promessas feitas aos patriarcas.

         Portanto, o nascimento de Jesus, por intervenção do Espírito de Deus, manifesta a culminância profética e santa de toda a história, segundo os planos estabelecidos pela Providência divina. Ele é o sinal inicial da presença divina na nossa história, que terá seu apogeu no estabelecimento do Reino dos céus, com a presença da Igreja de Cristo estendendo-se até às extremidades da terra. A genealogia serve ao projeto de evidenciar o fato de ser Jesus o Messias, o Salvador prometido e anunciado pelos profetas. É Ele o Filho Unigênito de Deus, rei e salvador da humanidade, “nascido da família de Davi, segundo a carne” (Rm 1,3) e descendente de Abraão, pai de todos os povos. Ele é a intervenção decisiva de Deus na nossa história.

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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