Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 16 de Dezembro
Reflexão do Evangelho
de Segunda-feira – 16 de Dezembro
Mt 21, 23-27:
Questões sobre a autoridade de Jesus
De
cidade em cidade, Jesus passa ensinando e anunciando a Boa-Nova do Reino de
Deus. Ele percorre a Galileia trazendo esperança à população simples e carente.
Ela o aclamava e o seguia. Em Jerusalém, ele não se cala, nem se intimida
diante dos doutores e sacerdotes, que não o veem com bons olhos. Também aí, ele
ensina e as multidões aglomeram-se para ouvi-lo. Uma delegação do Sinédrio,
supremo conselho do povo judeu, constituído por sacerdotes e escribas,
aproxima-se dele para interrogá-lo: “Com que autoridade fazes estas coisas?”
Quem lhe teria outorgado o poder de ensinar?
À diferença dos
greco-romanos, que consideravam o poder como algo obtido e consolidado pela
força, Israel o vê como dom concedido por Deus em vista de uma missão ou do
exercício de uma tarefa em benefício do povo. Colocando-os nesse contexto, Jesus
remete-os a João Batista e responde, à maneira rabínica de discutir, com outra
pergunta: “O batismo de João era do Céu ou dos homens?”. Os escribas e
sacerdotes ficam pasmos e nada respondem, pois o povo o tinha como um profeta. A
mesma conclusão caberia a Jesus, cuja autoridade se expressa na força profética
de seus ensinamentos, no perdão dos pecados e na ordem dada aos demônios.
Nesse sentido,
observa S. Agostinho: “Assalta-os o temor de eles serem apedrejados pelo povo,
que considerava João Batista um profeta. Outro temor ainda maior os invade: o
de confessar a verdade. Por isso, eles respondem com falsidade: ‘Não sabemos’”.
Jesus não contesta, deixando-os ainda mais perplexos: se João tinha autoridade,
quanto mais Ele! Sua autoridade repousa, sobretudo, em seus ensinamentos. Se milagres
acontecem, não são eles, porém, o essencial de sua missão. A multidão, que o
acompanha, reconhecendo seu amor misericordioso, sua generosidade e o coração
compassivo diante do sofrimento e das dores de cada pessoa, crê em suas
palavras. Ela se sente amada e o considera um enviado de Deus, que age e fala
por Ele.
Seus adversários não
o compreendem, particularmente, como destaca S. Beda, “por duas razões. Os que
o procuram, por serem incapazes de entender o que buscam ou porque são indignos
de se abrirem à sua palavra, minados pelo ódio ou pelo desprezo à verdade”. Após
dizerem “não sabemos”, eles se calam, pois para eles a autoridade não compreende
serviço e disponibilidade. E, em sua autossuficiência, eles não são capazes de
conceber a humildade como expressão do amor desinteressado, o que leva Tertuliano
a dizer que “eles não conseguiam dar uma resposta consistente, pois não
entendiam nem acreditavam”.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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