Reflexão do Evangelho de Jo 11, 19-27 - Ressurreição de Lázaro - Terça-feira 29 de Julho

Reflexão do Evangelho de Jo 11, 19-27 - Ressurreição de Lázaro
Terça-feira 29 de Julho

       Nenhuma obra humana carece totalmente da luz de Deus, pois mesmo em meio às trevas e à culpa do homem um raio da luz divina não deixa de resplandecer. Assim, apesar de suas incertezas e inseguranças, aquele que aceitou a mensagem cristã não vaga a esmo, porque ele entrevê no seu coração, para além do mistério, o vulto misericordioso do Senhor. Este não lhe é estranho, pois nele brilham centelhas de sua luz, causa de tudo quanto existe de bom, justo e verdadeiro, em todas as culturas e povos. S. Justino fala da semente da Verdade, presente em todo coração humano, caminho que conduz a Cristo, “o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira” (Ap 3,14), em quem o cristão experimenta, banindo o medo e o horror da solidão, a beleza e a alegria da eterna comunhão espiritual.
       Mas alguns amigos da Judeia trouxeram a notícia de que Lázaro estava gravemente enfermo. Apesar de os Apóstolos temerem voltar para lá, onde os judeus tinham procurado apedrejá-lo, Jesus volta-se para os Apóstolos e diz: “Vamos lá”! A cada passo de seu itinerário, Jesus traduz esperança e vida nova. Ao chegar a Betânia, Ele sente, pulsando no coração de Marta e Maria, refletido em suas lágrimas, o drama pela morte do irmão. Para reanimar e conduzir Marta a uma fé mais vigorosa, após algumas palavras delicadas e esperançosas, Ele lhe diz: “Teu irmão ressuscitará”. Ao ouvi-lo, sem ter entendido bem o que Ele dizia, ela simplesmente faz uma profissão de fé: “Sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia!” Indubitavelmente, ela crê que o seu irmão ressuscitará no último dia, porém, o Mestre vai além, sugere algo mais. Crer na ressurreição é acolher o segredo da verdadeira e interminável vida de Deus, manifestada pela sua presença radiosa. Por isso, chorando, Maria repetiu as mesmas palavras de sua irmã: “Se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”.
Então, uma profunda emoção toma conta de Jesus. Notando seus olhos marejados, muitos dos que lá estão comentam: “Vede como Ele o amava”. Outros ainda disseram: “Como é que este homem, que abriu os olhos ao cego, não poderia ter feito com que ele não morresse?” “De novo, Jesus comoveu-se e dirigiu-se ao sepulcro”. Retirai a pedra - ordena o Mestre. Marta procura ainda opor-se e, com delicadeza, observa que certamente o corpo já devia estar cheirando mal. Com insistência e voz firme, o Senhor lhe responde: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?” A pedra foi retirada e, após erguer os olhos ao Céu, Ele ordena: “Lázaro, vem para fora!” Lázaro retorna à vida participada por ele em sua vida terrena, sinal da ressurreição final, quando definitivamente, todos nós ouviremos a voz do Senhor: “Vem para fora!”. Exclama S. Agostinho: “Todos ouviremos a voz do Senhor, a mesma voz ouvida por Lázaro, através da pedra: que a sua voz penetre nossos corações de pedra!” Desde já, nós o ouvimos dizer: “‘Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra, viverá”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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