Reflexão do Evangelho Mt 10, 1-15 - A missão dos Doze - Quarta-feira 09 de Julho e Quinta-feira 10 Julho
Reflexão do Evangelho Mt 10, 1-15 - A
missão dos Doze
Quarta-feira 09 de Julho e Quinta-feira
10 Julho
Certa feita, Jesus
participava de uma festa de casamento e, alertado por sua mãe, percebe o
constrangimento do dono da casa, pois acabara o vinho. O modesto banquete não
chegara ainda ao fim e para que o responsável não se envergonhasse e os convivas
não se entristecessem, Ele irá manifestar, pela primeira vez, o seu poder. Após
mandar encher de água grandes talhas de pedra, Ele pede que deem daquela água
ao mestre-sala para provar. Surpreso, este diz ao noivo: “Todos servem o melhor
vinho no começo da festa, mas tu o reservaste para o final”. O fato impressiona
vivamente os discípulos, que tinham deixado as redes sem hesitar para segui-lo.
Mais tarde, Jesus irá escolher, dentre eles, doze Apóstolos, que “envia a
proclamar o Reino de Deus e a curar”, recomendando-lhes nada levar consigo,
pois os quer livres de todo apego aos bens materiais e de toda preocupação em
obter posses terrenas. Mas já a partir daquele dia, eles vivem desapegados de
tudo, sem preocupações, como os pássaros do céu.
No entanto, num gesto de profunda
compreensão, o Mestre promete estar sempre com eles, de modo que eles vislumbram
nas areias áridas do desprendimento e da renúncia, num oásis de paz, o seu vulto
amigo, provendo-os. “A glória deles, reflete S. Cirilo de Alexandria, não é a
de não possuírem nada, mas a de se colocarem confiantemente nas mãos divinas”. Na
realidade, a própria renúncia é resgatada em seu sentido original de adesão pessoal
e profunda a Deus, o que nos permite contemplar, no cumprimento da missão
confiada pelo Senhor, a aurora da alegria sobrenatural. Com efeito, Jesus veio
para dar a todos a alegria, a vida “em abundância” e para levar seus seguidores
a se assemelharem a Ele, que lhes “ordena dar gratuitamente o que gratuitamente
tinham recebido”.
O mandato de
dar gratuitamente corresponde à ordem de evangelizar, fruto não de um capricho,
mas do amor, “energia divina”, que inflama sem cessar a alma dos Apóstolos e a
reúne a Deus pela força do Espírito Santo. O verdadeiro milagre não foi o da festa
de bodas, mas sim aquele que se realiza em seus corações, e S. João Clímaco
misticamente reconhece: “Tu feriste minha alma, ó Amor, e meu coração não pode
suportar tuas chamas. Avanço, louvando-te”.
Mais tarde, Jesus confia aos Apóstolos sua
própria missão terrestre: anunciar o Reino de Deus “às ovelhas perdidas da casa
de Israel”. Assim, na simplicidade e no despojamento, eles hão de realizá-la
“em nome do Cristo”, que agirá neles e por meio deles. Experiência misteriosa e
única. A doação generosa aos seus semelhantes será sintoma do verdadeiro amor a
Deus, que pacificará suas almas e os purificará no cadinho do “amor
insaciável”. Desde o início, eles recebem o poder de comunicar a paz do Senhor aos
que são dignos dela e estão dispostos a imitar a doação gratuita de sua vida ao
Pai e aos irmãos. Na eternidade, essa generosidade irá se manifestar na
participação da Glória de Deus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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