Reflexão do Evangelho de Mt 9, 14-17 - Discurso sobre o jejum - Sábado 05 de Julho

Reflexão do Evangelho de Mt 9, 14-17 - Discurso sobre o jejum
Sábado 05 de Julho
                  
         Os discípulos de João Batista e os fariseus multiplicavam jejuns e orações, apesar de os profetas terem insistido menos sobre a severidade do jejum e muito mais sobre a conduta justa e caritativa para com o próximo. Em Jesus a voz dos profetas se plenifica. Embora jejue por quarenta dias, Jesus sugere uma mudança, senão um novo relacionamento com Deus e com o mundo. Para Ele, a prática do jejum compreende atos e atitudes que, acompanhados pela oração, servem para traduzir a humildade, o amor e a esperança. Na realidade, o jejum é considerado por Ele como um gesto religioso, que assinala a intenção real de acolher a presença de Deus em sua vida e de se pôr diante dele. Por isso, justamente por causa da presença física do Senhor entre eles, os discípulos não jejuam, embora Ele não deixe de insistir no desapego das riquezas (Mt 19,21) e em renunciar-se a si mesmo para levar a cruz (Mt 10,38s).
            Para melhor ser compreendido, Jesus se apresenta como o “noivo” das núpcias de Deus com o seu povo, e os discípulos são descritos como os amigos do noivo. Aos que criticam os Apóstolos por não jejuarem, com certa ironia, Ele pergunta-lhes: “Podem os amigos do noivo jejuar enquanto o noivo está com eles? ” S. Hilário de Poitiers conclui que “o fato de eles não jejuarem demonstra a alegria dos discípulos com a presença de Jesus. Nesse período, não se há de jejuar, porque o Esposo está lá e com Ele o tempo messiânico, tempo de núpcias, de abundância e de alegria”. Porém, não lhes escapa a observação do Senhor: “Mas quando Ele lhes for tirado”, indicando-lhes o tempo após a sua morte, então eles jejuarão “para proclamar, como destaca S. Basílio Magno, que suas vidas estão orientadas para as realidades que ultrapassam os bens simplesmente materiais e carnais” ou como proclama o prefácio da Quaresma: “Pelo jejum elevais os vossos sentimentos”. Seus olhares estarão voltados à contemplação de Deus, mas sem deixarem, no entanto, de saciar uma fome diferente, a fome da bondade e da misericórdia, do perdão e do amor.
  Nesse sentido, Orígenes nos remete à profundidade de nossa alma, “lá onde se encontra a imagem de Deus escondida. Pelo jejum, cabe-nos liberá-la da terra e purificá-la de toda sujeira para encontrar a água viva, aquela água da qual diz o Senhor: ‘Quem crê em mim, de seu seio jorrarão rios de água viva’” (Jo 7,38). Ao abade Pambo, que lhe perguntava: “O que eu devo fazer? o abade Antônio lhe disse: não confies na tua justiça, não te aflijas com o passado, põe freio à tua língua e ao teu ventre!”.   


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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