Reflexão do Evangelho de Mt 13, 44-46 - As parábolas do tesouro e da pérola - Quarta-feira 30 de Julho
Reflexão
do Evangelho de Mt 13, 44-46 - As parábolas do tesouro e da pérola
Quarta-feira
30 de Julho
O Reino de Deus e o mundo novo que há de
vir inauguram-se com a pregação de Jesus, que reúne ao seu redor os que se
convertem e vivem a Lei nova do amor e da misericórdia. Essa mensagem é
anunciada a todos e não conhece privilégios. Dirigindo-se às pessoas simples da
Galileia, Jesus destaca que mesmo as realidades frágeis e precárias desta terra
adquirem um novo sentido à luz do mistério de sua encarnação, pela qual
reconhecemos que Ele se tornou um de nós, para que nós nele nos tornemos o que
Ele é.
Em
outras palavras, todos os homens podem alcançar a bem-aventurança da Terra
Prometida do Reino de Deus, comparado por Jesus a um tesouro enterrado,
descoberto de modo fortuito. Quem o encontra, com alegria, vai e vende tudo o
que possui para comprar o campo. O mesmo acontece com o negociante que, “ao
achar uma pérola de grande valor, vai e vende tudo o que possui e a compra”. A
pérola é reconhecida pelo seu valor, beleza e perfeição. Em outras palavras, o
Reino de Deus é o tesouro ou a pérola, cujo preço é inacessível e supera toda
riqueza material.
Dom
precioso, o Reino de Deus nos atrai e, ao mesmo tempo, nos impede de identificá-lo
totalmente com o mundo material, pois graças a ele, exclama Pascal, “o homem
ultrapassa infinitamente o homem”. Por conseguinte, nenhum condicionamento
meramente humano pode contê-lo, nem defini-lo. Mas, embora ele seja uma dádiva
divina, Deus não dispensa jamais a cooperação humana, como evidenciam as
palavras de Jesus, dirigidas ao paralítico, antes de curá-lo: “Tua fé te salvou”.
Portanto, o Reino não é apenas
iniciativa de Deus (ex opere operato), independente da ação do homem, pois Deus,
em seu amor, espera a resposta livre do amado, como se tudo dependesse da sua decisão.
Neste sentido, a parábola contada por Jesus pressupõe esforço e sacrifício daquele
que encontrou o tesouro: ele vai e vende tudo o que possui para comprar o
campo, onde se encontra o tesouro. Assim, também nós devemos estar prontos a
atender ao convite do Senhor: vender tudo, isto é, despojar-nos do pecado, dos
vícios e das paixões desordenadas para alcançar o Reino de Deus. Nossa colaboração
é essencial. O mesmo se diga da oração, que jamais poderá ser compreendida como
total passividade, ela é tensão interior, abertura do espírito humano para
receber o Espírito divino, que conduz aquele que ora ao coração mesmo do
mistério de Deus. Por isso, animando-nos, diz admiravelmente S. João
Crisóstomo: “Participai do banquete da fé, acolhei todos vós as riquezas da
misericórdia”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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