Reflexão do Evangelho de Mt 13, 1-23 - Parábola do semeador - Quarta-feira 23 de Julho, Quinta-feira 24 de Julho e Sábado 26 de Julho
Reflexão do
Evangelho de Mt 13, 1-23 - Parábola do semeador
Quarta-feira 23 de
Julho, Quinta-feira 24 de Julho e Sábado 26 de Julho
A
Bíblia é a declaração solene de que Deus, após a queda do pecado, não abandonou
o mundo. A vinda do Filho Unigênito evidencia o seu amor inquebrantável pela
humanidade e o seu desejo de restabelecer a harmonia entre os homens e a natureza,
entre o mundo e o Criador. Antes do relato da parábola, o texto fala que Jesus
saiu de casa e sentou-se junto ao mar, sugerindo assim sua vinda ao mundo,
“para estar, pela sua Encarnação, mais próximo a nós” (S. João Crisóstomo). Aliás,
já no início da parábola, Jesus se refere a si mesmo como “o semeador que saiu
a semear”, ou seja, Ele é aquele que veio lançar a semente da Palavra em todos
os corações, desejando que neles ela crie raízes e produza frutos de amor e de
misericórdia. Nesse sentido, S. Cirilo de Alexandria diz “ser Jesus o
verdadeiro Semeador, que comunica a nós, terra boa, a boa semente da Palavra e cuja
messe são os frutos espirituais”.
A parábola, contada pelo Mestre, traça a
aventura da semente no terreno dos corações humanos, pois proveniente do alto,
ela germina de acordo com a qualidade de cada terreno. Uma parte das sementes “foi
lançada à beira do caminho”, terreno “pisado pelos pés de todos”, duro e pedregoso.
Estas não terão vida longa, pois são levadas pelos pássaros e não chegam a
criar raízes. Outra parte caiu em lugares de camada fina de terra e, ao
nascerem, apresentam-se frágeis e logo são sufocadas pelas tribulações,
perseguições e paixões desordenadas. Elas representam todos os que têm uma fé
vacilante e pouco profunda e a sua piedade é evanescente e sem consistência ou,
no dizer de S. Jerônimo, elas simbolizam “os escravos dos prazeres e dos
cuidados deste mundo, que sufocam a Palavra de Deus e fragilizam a virtude”.
No entanto, o
insucesso de algumas sementes é superado pelo número vertiginoso do tríplice
rendimento do grão que encontra terra boa. Este produz “fruto à razão de cem,
sessenta e trinta por um”, porque a luz divina é capaz de penetrar até numa pequena
e estreita fresta do coração humano para dilatá-lo prodigiosamente, de tal modo
que ele, transformado e purificado, irradia justiça, paz e alegria espiritual. Eis
a força eficaz da Palavra de Deus! Seus frutos são abundantes, pois o desígnio
divino não é arbitrário, é presença de Cristo que anuncia e realiza nossa
filiação divina: em e por Jesus, tornamo-nos filhos e filhas amados do Pai
celestial. Por isso, ao terminar a
parábola, Jesus diz aos ouvintes: “Quem tem ouvidos, ouça”. Forte, solene e
conciso apelo. Se o terreno corresponde à disposição interior do coração humano,
a responsabilidade de acolher a semente cabe a cada um de nós. Comenta S. Basílio
Magno: “É evidente que alguns possuem ouvidos melhores e melhor podem entender
as palavras de Deus. Mas o que dizer dos que não têm tais ouvidos? ‘Surdos,
ouvi, e vós cegos, vede’ (Isaías 42,118). Expressões todas elas usadas em
relação ao homem interior”.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, ofm
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