Reflexão do Evangelho de Mt 13, 1-23 - Parábola do semeador - Domingo13 de Julho
Reflexão do Evangelho de Mt 13, 1-23 -
Parábola do semeador
Domingo13 de Julho
A Bíblia é a
declaração solene de que Deus, após a queda do pecado, não abandonou o mundo. A
vinda do Filho Unigênito evidencia o seu amor inquebrantável pela humanidade e
o seu desejo de restabelecer a harmonia entre os homens e a natureza, entre o
mundo e o Criador. A própria parábola do semeador, ao dizer que Jesus saiu de
casa e sentou-se junto ao mar, indica a sua vinda ao mundo, “para estar, pela
sua Encarnação, mais próximo a nós” (S. João Crisóstomo). Aliás, já no início da
parábola, Jesus se refere a si mesmo como “o semeador que saiu a semear”, ou
seja, Ele é aquele que veio lançar a semente da Palavra em todos os corações, desejando
que neles ela crie raízes e produza frutos de amor e de misericórdia. Nesse
sentido, S. Cirilo de Alexandria diz “ser Jesus o verdadeiro Semeador, que comunica
a nós, terra boa, a boa semente da Palavra e cuja messe são os frutos
espirituais”.
A
parábola, contada pelo Mestre, traça a aventura da semente no terreno dos
corações humanos, pois proveniente do alto, ela germina de acordo com a
qualidade de cada terreno. Uma parte das sementes “foi lançada à beira do
caminho”, terreno “pisado pelos pés de todos”, duro e pedregoso. Estas não
terão vida longa, pois são levadas pelos pássaros e não chegam a criar raízes. Outra
parte caiu em lugares de camada fina de terra e, ao nascerem, apresentam-se
frágeis e logo são sufocadas pelas tribulações, perseguições e paixões
desordenadas. Elas representam todos os que têm uma fé vacilante e pouco
profunda e a sua piedade é evanescente e sem consistência. São para S. Jerônimo
“os escravos dos prazeres e dos cuidados deste mundo, que sufocam a Palavra de
Deus e fragilizam a virtude”.
No entanto, o insucesso de algumas
sementes é superado pelo número vertiginoso do tríplice rendimento do grão que
encontra terra boa. Este produz “fruto à razão de cem, sessenta e trinta por
um”, porque a luz divina é capaz de penetrar até numa pequena e estreita fresta
do coração humano para dilatá-lo prodigiosamente, de tal modo que ele, transformado
e purificado, irradia justiça, paz e alegria espiritual. Eis a força eficaz da
Palavra de Deus! Seus frutos são abundantes, pois o desígnio divino não é
arbitrário, é presença de Cristo que anuncia e realiza nossa filiação divina: em
e por Jesus, tornamo-nos filhos e filhas amados do Pai celestial. Por isso, ao terminar a parábola, Jesus diz
aos ouvintes: “Quem tem ouvidos, ouça”. Forte, solene e conciso apelo. Se o
terreno corresponde à disposição interior do coração humano, a responsabilidade
cabe a cada um de nós. Comenta S. Basílio Magno: “É evidente que alguns possuem
ouvidos melhores e melhor podem entender as palavras de Deus. Mas o que dizer
dos que não têm tais ouvidos? ‘Surdos, ouvi, e vós cegos, vede’ (Isaías
42,118). Expressões todas elas usadas em relação ao homem interior”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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