Reflexão do Evangelho - Quarta-feira 07 de Janeiro

Reflexão do Evangelho
Mc 6, 45-52 - Jesus caminha sobre as águas
Quarta-feira 07 de Janeiro

Após despedir o povo e enviar os discípulos para a outra margem do lago, “Jesus subiu ao monte, a fim de orar”. Silêncio e solidão. Entre as nuvens, tocadas pelo vento forte, talvez Ele tenha avistado o barco dos discípulos, que buscavam em vão chegar a Cafarnaum.  “Na quarta vigília da noite”, nos primeiros albores do dia, Ele vai ao encontro deles. Aproxima-se, “caminhando sobre o mar”. Soprava ainda um vento intenso e impetuoso, quando eles avistam, em meio às águas encapeladas, um vulto que se aproxima. Vendo aquilo, sentiram medo e chegaram a exclamar: “É um fantasma!”
       Assustados, eles viam o vulto se avizinhar, andando sobre as águas. Em meio ao fragor das ondas, que ameaçavam virar o pequeno barco, uma voz serena os tranquiliza: “Não temais, sou eu!” Imediatamente, eles reconhecem que é o Mestre, que faz menção de passar adiante, como o fez com os discípulos em Emaús. Provocação para despertá-los à responsabilidade da liberdade, pois Deus é aquele que passa. Assim se deu na primeira Páscoa do Egito ou nas grandes visões de Moisés ou de Elias, como também na sua vinda entre os homens. “Jesus não acorre logo para salvar os discípulos, observa S. João Crisóstomo, mas os instrui, através do temor, a afrontar os perigos e aflições”.
As palavras do Senhor: “não temais”, recordam a promessa feita por Deus a Isaías: “Não temais, pois eu estou convosco”, isto é, “crede unicamente”. Para os Apóstolos, as palavras do Mestre são um apelo para que eles estejam abertos interiormente à presença divina, sempre surpreendente. Nesse sentido, ao dizer: “Sou eu”, Jesus desperta nos Apóstolos a lembrança das manifestações inauditas de Deus, conduzindo o povo de Israel no deserto. Mais tarde, os Apóstolos irão recordar esta cena à luz da missão do Messias, que conduz seu povo à Jerusalém celeste.
 Do mesmo modo que o Pai, Jesus exige dos discípulos confiança e entrega. Atitude indispensável para participar do seu poder, manifestado no fato de Pedro, obediente às suas palavras, caminhar sobre as águas. Se em meio às dificuldades e perseguições, eles vacilarem ou vierem a afundar, uma certeza os anima: não lhes faltará a mão misericordiosa do Mestre para reconduzi-los ao barco, onde estarão com Ele e alcançarão serenidade (apátheia) e repouso (hesychia). Sugestivamente, o relato termina: “Assim que eles subiram ao barco, o vento amainou”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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