Reflexão do Evangelho - Sábado 03 de Janeiro

Reflexão do Evangelho
Jo 1, 29-34 - Pregação de João Batista
Sábado 03 de Janeiro

              Lá estava João Batista às margens do rio Jordão, e uma multidão o rodeava. Muitos o interrogavam sobre a sua identidade, se era ou não o Messias. Sincero e isento de preconceitos, ele nega ser o Messias, que afirma já estar presente no meio deles, alguém que eles não conheciam e do qual ele não era digno de desatar as correias de suas sandálias. Naquele preciso momento, chegou Jesus de Nazaré. Vendo-o aproximar-se, ele fixa nele seu olhar penetrante, emblépsas, como que para identificá-lo, e dirigindo-se a todos, com dedo em riste, declara: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O Evangelista deixa transparecer nesta passagem sua principal intenção: não é a de descrever a atividade de João Batista, mas apenas referir-se a ele em função do seu testemunho a Cristo. 
Iluminados por um sol cáustico, sob o olhar admirado da multidão, encontram-se os dois jovens, o asceta com suas vestes rústicas de pele de camelo, rosto emagrecido pelo frugal alimento, mel e gafanhotos; a esperança de um novo tempo trazida por um homem de traços fortes, de olhar tranquilo e distante, como que absorto em seus pensamentos. Este desceu às águas, as palavras de João deixam os presentes pasmos: “Sou eu que devo ser batizado por ti”. Palavras que chegam aos discípulos como um convite para seguir Jesus. Mais tarde, com nostalgia, João, o discípulo amado, recorda as palavras do Batista e revive a cena do seu primeiro encontro com o Mestre. Sim, sem titubear, ele irá deixar tudo e segui-lo, akolouthéin, numa adesão total e radical ao novo Mestre.
Alguns instantes mais tarde, um pouco além, afastando-se já das margens do rio Jordão, Jesus nota a presença dos dois jovens que o seguem. Volta-se para eles e pergunta: “O que buscais?” Segundo o Evangelista, estas são as primeiras palavras de Jesus, dirigidas não só aos dois jovens, mas a todos os que se dispõem a segui-lo. Palavras que expressam acolhida, também a necessidade de um esforço para conhecê-lo melhor e mais profundamente, como mostra o próprio Apóstolo João, ao descrever, logo a seguir, seu progressivo conhecimento, sua caminhada interior na descoberta de quem é Jesus. No início, um simples olhar, blépo, atento e curioso, que passa a ser profundo e contemplativo theaumai, até finalmente chegar à declaração de ser Ele o enviado de Deus, o Messias.
Então, as palavras de João Batista adquirem força profética e os discípulos que seguem Jesus passam a anunciar o seu batismo como purificação e santificação. O Cordeiro de Deus não só afasta o pecado do mundo, Ele o destrói, professa João Batista: “E eu vi, horáw, e atesto que Ele é o Filho de Deus”.


Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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