Reflexão do Evangelho - Terça-feira 13 de Janeiro
Reflexão do Evangelho
Mc 1, 21-28 - Jesus
em Cafarnaum e a cura de um endemoninhado
Terça-feira 13 de Janeiro
Em sua peregrinação, Jesus
e os Apóstolos iam a Cafarnaum, mais do que a outras cidades. Lá, Jesus
permanecia na casa de Simão Pedro ou de André, seu irmão. No sábado, eles iam à
sinagoga para as orações e as leituras dos textos bíblicos. Para a instrução, o
chefe da sinagoga convidava, conforme costume antigo, um dos membros visitantes
para administrá-la. Assim, Jesus teve a oportunidade não só de realizar em Cafarnaum
suas primeiras curas, como também de falar muitas vezes à comunidade. Cafarnaum tornou-se, deveras, um campo
(Caphar) de consolação (Naum) para seus habitantes, que “se extasiavam com os
seus ensinamentos, porque lhes ensinava com autoridade e não como os escribas”
(v.22). Presos às suas palavras, eles o reconheciam como mestre qualificado
para decidir importantes questões da vida e para exortar, com firmeza e
lucidez, sem fanatismo e tons patéticos.
No
entanto, o que mais os impactava era o modo livre de falar, sua liberdade em
interpretar a Lei e os profetas. Ele falava com autoridade (ecsousia) irrestrita, não a partir das opiniões
dos rabinos, nem das orientações de Moisés ou de algum dos profetas. No dizer
de S. Jerônimo, “Ele ensinava como Senhor, não se apoiando em outra autoridade
superior, mas a partir de si mesmo”.
Numa
dessas ocasiões, sua autoridade é confirmada pela cura de um endemoninhado, que
gritava, “dizendo: que queres conosco, Jesus Nazareno? Vieste para
arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus”. O embate com o Mal é descrito
pelo Evangelista como uma luta pela preservação da liberdade interior, dom
concedido por Deus ao homem, “que pode, no dizer de Orígenes, conduzi-lo ao
cume do bem ou precipitá-lo no abismo do mal”. A luta abrange o homem todo, seus
desejos e ações, o corpo e o espírito.
Libertado do império
do mal, o endemoninhado é reintegrado por Jesus na comunidade dos irmãos. Pois
aquele que divide e dispersa foi vencido. Pasmos, os membros da sinagoga
exclamam: “Um novo ensinamento com autoridade! Até mesmo aos espíritos impuros
dá ordens, e eles lhe obedecem!” Os milagres e a expulsão de demônios são
sinais, manifestação da presença salvadora de Jesus. Embora não sejam
essenciais, eles colaboram para reforçar a mensagem central do Evangelho de que
Deus não abandonou o homem, mas assumiu, em Cristo, sua história e sua
vida. Ele é aquele que nos surpreende e
se volta para nós, desde que tomemos consciência de que Ele, em sua existência
pura, está lá, sempre novo, sempre inesgotável.
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