Reflexão do Evangelho de sexta-feira 11de março e sábado 12 de março



Reflexão do Evangelho de sexta-feira 11de março e sábado 12 de março
Jo 7,1-2.10. 25-30; 40-53 - Discussões sobre a origem de Jesus


       O Evangelho retoma a questão das origens de Jesus. A multidão o reconhece como o Profeta esperado desde Moisés; os fariseus e escribas, por sua vez, não admitem ser Ele o Messias, “pois este, diziam eles, nós sabemos de onde é, ao passo que ninguém saberá de onde será o Cristo”. De fato, segundo muitos mestres judaicos, o Messias teria uma origem desconhecida.
 Mas quem é Ele? De onde lhe vem essa autoridade com a qual ensina e anuncia a proximidade do Reino de Deus? Entrementes, no Templo, em alta voz, Jesus dizia que Ele, vindo da Galileia, não era profeta por sua própria vontade, mas sim em nome daquele que é verdadeiro e que o enviara. Declara-se “mensageiro”, a partir da experiência de Deus como seu Pai e com o qual mantinha uma relação íntima, surpreendente para os seus contemporâneos. Relação que atinge não só o conteúdo de sua mensagem, na qual Ele celebra a origem misericordiosa da Lei, como também sua atuação salvadora, presente na acolhida de publicanos e pecadores.
Em outras palavras, Jesus insiste que Deus é o seu verdadeiro Pai: “Vós sabeis de onde eu sou; e eu o conheço porque dele procedo e ele foi quem me enviou”.  Imediatamente, seus adversários recordam-se da resposta dada por Deus a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. 
No entanto, seus ouvintes se dividem. Se alguns chegam a dizer ser Ele o Cristo, outros manifestam o desejo de prendê-lo, embora não se atrevam a executar semelhante plano. Aliás, perante de Jesus, ninguém permanece indiferente, por muito tempo. Se há os que o rejeitam, também existem outros que o consideram um profeta, chegando mesmo a reconhecê-lo como o Messias. Diante do impasse, os guardas mandados pelos sacerdotes-chefes, encarregados de prendê-lo, retiram-se, comentando não terem jamais ouvido alguém falar como Ele. Estavam deveras impressionados, seja pelo que Ele dizia, seja pelo modo de falar, suave e sereno, tocando os corações e levando muitos à conversão.
Ao ouvir o relato dos guardas, as autoridades judaicas e os fariseus, insensíveis às suas palavras, os recriminam e os acusam de terem sido enganados por Jesus. Eis que naquele preciso momento, para espanto dos membros do Sinédrio, “um dentre eles”, Nicodemos, ergue-se e interroga-lhes: “Acaso nossa Lei condena sem primeiro ouvi-lo e saber o que fez? ” Palavras, sem dúvida, tímidas e distantes, que provocam uma resposta irônica: “Tu também és galileu? Estuda a Escritura e verás que da Galileia não surge profeta”. Sem ter outros argumentos e sem coragem de externar o que talvez estivesse pensando: “Não pode Deus realizar algo diverso do que está nas Escrituras? ”, Nicodemos calou-se. Dirá S. Irineu: “Em Cristo, Deus desceu à profundidade da terra para buscar a ovelha desgarrada, a fim de apresentá-la ao Pai”. Com efeito, só mais tarde, Nicodemos irá compreender que a benevolência divina ultrapassa os conceitos e as interpretações casuísticas da Lei. Será um novo nascimento, do alto, proveniente não da observância da Lei, mas do amor de Deus, que o introduzirá em seu Reino.

Dom Fernando Antônio Figueiredo

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