Reflexão do Evangelho de sexta-feira 18 de março
Reflexão
do Evangelho de sexta-feira 18 de março
Jo 10,
31-42 - Jesus, o Filho de Deus feito homem
Após invocar o testemunho do Pai,
manifestado em suas obras, Jesus se volta para seus adversários e pergunta
ironicamente: “Por qual delas quereis apedrejar-me? ” Eles compreendem sua intenção
e, com sutileza de espírito, respondem: “Não te lapidamos por causa de uma boa
obra, mas por blasfêmia, porque, sendo apenas homem, tu te fazes Deus”. Acusam-no
de insultar ao próprio Deus, o que o tornaria merecedor dos maiores castigos,
pois, as palavras de Jesus lhes soavam como negação do monoteísmo, do Deus
único da Aliança.
Jesus
não se retrata. De modo tranquilo, porém firme e claro, Ele declara: “Eu e o
Pai somos um (hen) ”. É o auge da afronta. Seus inimigos alçam a voz e o cumulam
de acusações. Segundo eles, todos deviam apedrejá-lo, pois bastava a presença
de um só blasfemador para macular a comunidade toda inteira. Isso prova que as
palavras de Jesus eram entendidas em seu sentido próprio, sobretudo, quando Ele
diz ser o Filho de Deus. Desde seus primeiros seguidores, a Igreja professa que
Ele é o Messias ou o Cristo, o Ungido de Deus, que se tornou um de nós para que,
recebendo-o, fôssemos conduzidos não a um divino anônimo, mas ao rosto
transfigurado do Filho amado do Pai.
Exclama
S. Irineu: “Como poderia o homem ir a Deus, se Deus não viesse ao homem? Nós
não poderíamos ser partícipes da imortalidade sem uma estreita união com o
Imortal. Como atingirmos a imortalidade, se ela não se tornasse o que somos e
assim fôssemos adotados e nos tornássemos filhos de Deus? ” Vindo a nós, sem
deixar de ser plenamente Deus, o Filho assume a condição de escravo, movido,
escreve Orígenes, “por compaixão do gênero humano”. E não só. No plano eterno
de Deus, desde toda a eternidade, o Filho abraçou a humanidade em seu infinito
amor, e se revela “paixão de amor” por nós. Não só Ele, que “carregou as nossas
dores”, mas também o Pai, que carrega em suas mãos “a nossa conduta”. No rosto
amoroso do Filho, reconhecemos o rosto misericordioso do Pai; no Filho
Unigênito, constituídos filhos adotivos do Pai, somos convocados a manifestar,
em nossas palavras e atos, o amor misericordioso do Pai.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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