Reflexão do Evangelho de quinta-feira 03 de março
Reflexão
do Evangelho de quinta-feira 03 de março
Lc 11,
14-23 - Jesus e Beelzebul (calúnias dos fariseus)
O Evangelho é a notícia alegre da
salvação para todos os que, embora saibam que são pecadores, “estão acordados”
ou, em outras palavras, estão vigilantes, aguardando a vinda do Reino de Deus. Nessa
comunidade, em que se coloca claramente que Deus é um Pai de bondade, e que a
solidariedade e o amor são o cerne da Lei, os milagres realizados por Jesus levam
a crer nele como “vindo de Deus”; e esta é a compreensão de Nicodemos, do cego
de nascença e de todos os que reconhecem nele o Messias esperado. Mas para
outros, os milagres resultam de um poder que está além do nosso controle, e que
é humanamente discutível. Neste sentido, numa interpretação hostil a Jesus, os escribas,
descidos de Jerusalém, dizem: “É por Beelzebul, príncipe dos demônios, que Ele
expulsa os demônios”.
O título Beelzebul liga-se a textos antigos
e designa o primeiro dentre os inimigos de Deus, considerados pelos pagãos como
demônios. Ele está à frente e governa as forças do mal, que constituem um reino
em oposição ao reino de Deus. Daí as palavras de Jesus: “Todo reino dividido
contra si mesmo não poderá subsistir”, pois o poder do Mal estaria combatendo
contra si próprio.
No
presente relato, o tema central não é propriamente o milagre, nem a luta entre
a luz e as trevas, mas a chegada da salvação, aguardada para o fim dos tempos:
Jesus é a presença da luz; quem o acolhe é iluminado pela Verdade, e nada tem a
temer, “pois chegou a ele o Reino de Deus”. O Reino vem e já chegou, pois Jesus
é o profeta da boa nova da vinda de Deus, que, por Ele, alcança todas as
pessoas.
A
resposta às acusações dos fariseus é dada pelo próprio Jesus, quando, no dizer
de S. João Crisóstomo, “afirma que expulsar os demônios, como Ele acabara de
fazer, é obra de um poder grandíssimo e sinal da vinda do Reino de Deus”. É
“pelo dedo de Deus”, extensão da mão amorosa do Pai, que Ele quebra o poder do
reino do Mal, não restando a este nada mais do que os despojos, que “são as
ovelhas perdidas da casa de Israel”.
Uma
atitude neutra não é possível. Por isso, ao ouvi-lo, escribas e fariseus se unem
contra Ele, aliando-se aos inimigos do passado, que provocaram a dispersão do
povo entre as nações. Daí a reação de Jesus: “A palavra que eu vos disse, é ela
que vos julgará no último dia”. No entanto, àqueles que o acolhem, Ele assegura
que crer nele é crer na Palavra viva, que salva e comunica a luz da vida, pois “se
alguém me ama guardará minha palavra e o Pai o amará, e viremos a ele e faremos
nossa morada nele”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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