Reflexão do Evangelho de domingo 06 de março
Reflexão
do Evangelho de domingo 06 de março
Lc 15,
1-3.11-32 - Parábola do filho pródigo
Uma das mais belas passagens do Evangelho
é a parábola do filho pródigo, na qual se descreve, em detalhes, a conduta de
dois filhos e o sentimento do pai em relação a cada um deles. O intuito de
Jesus é revelar Deus como um Pai misericordioso, solícito e pronto a perdoar e
a acolher em sua inesgotável bondade os pecadores arrependidos. O que importa é
o novo nascimento, dentro do hoje da conversão.
À atitude amorosa do pai opõe-se a reação
áspera e egoísta do irmão mais velho, que demonstra certo desprezo pelo
pecador, chamando-o não de irmão, mas dizendo ao pai: “Agora que esse teu filho
voltou”. Para o pai, o retorno é motivo de uma grande festa. Assim, apesar de o
filho mais jovem ter esbanjado o dinheiro, que ele lhe tinha dado, o pai dedica-lhe
um amor inquebrantável e generoso.
Longe,
em terras estrangeiras, o filho mais jovem não deixa de sentir as marcas do
amor do pai, presentes em seu coração. Humilhado, mas arrependido, ele retorna à
casa paterna, decidido a declarar sua culpa. Ainda distante, ele vislumbra o
vulto do pai, que ao percebê-lo corre ao seu encontro. Sua emoção é enorme! A
caminho da casa paterna, tantas ideias tinham passado por sua cabeça; imaginava
declarar a sua culpa, pedir perdão, prostrar-se aos pés de seu pai. Mas o pai
não deseja moralizar ou prescrever modos de agir; quer simplesmente acolhê-lo.
O filho não consegue nem mesmo chegar ao final de suas primeiras palavras, previamente
preparadas, pois “ao vê-lo, o pai se encheu de compaixão e se lançou ao seu
pescoço, cobrindo-o de beijos”. Sua misericórdia precede todo arrependimento.
Durante meses, os olhos do pai passeavam
pelos campos, perscrutando o horizonte, à espera do filho. Um dia, já cansado de
mirar as colinas distantes, ele vê um vulto que se aproxima e ao reconhecer ser
o filho esperado, vai ao seu encontro, abraça-o e o reconduz ao aconchego do lar.
Grande é sua alegria, “porque seu filho perdido e reencontrado se tornava mais
querido, pois reencontrado. Um pai, mais pai que Deus, não há; um mais terno,
não há. Tu que és seu filho, saibas que mesmo após ter Ele te adotado, se tu o
abandonas e voltas nu, Ele te receberá: Ele se alegrará ao te rever”
(Tertuliano).
O perdão é tão evidente, que o pai não
necessita dizer nada. Suas ações falam mais alto e claramente: ele manda revestir
seu filho de roupas bonitas; coloca o anel em seu dedo e ordena que preparem um
banquete em sua honra. A solicitude do pai, sua bondade e ternura confundem o
filho mais velho, que voltava do trabalho, pois a misericórdia do pai lhe é
incompreensível. Por sua vez, o filho pródigo toma sempre mais consciência do
privilégio de ser membro daquela família.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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