Reflexão do Evangelho de terça-feira 08 de março
Reflexão
do Evangelho de terça-feira 08 de março
Jo 5,
1-16: Cura do enfermo na piscina de Betesda
Com quatro pórticos laterais e um
quinto pórtico divisório no centro, a piscina, denominada em hebraico Betesda, estava
repleta de doentes. Um deles, doente há 38 anos, suspirava por alguém que o
ajudasse a chegar às águas, pois, quando agitadas pelo Anjo do Senhor, “o
primeiro, que aí entrasse ficava curado”. Até aquele instante, ele não tinha
encontrado ninguém que o auxiliasse.
De repente, uma voz, suave e tranquila,
pergunta-lhe: “Queres ficar curado? ” É a voz de Jesus, daquele que tudo
recebeu do Pai para salvação da humanidade. Ao doce rumor daquelas palavras, ele
se volta, pois não fizera nenhuma súplica, nenhum pedido. A bondade de Jesus
derramava luz sobre todo o ambiente; então, invadido por uma alegre esperança, com
voz trêmula, ele responde: “Não tenho quem me jogue na piscina, quando a água é
agitada; ao chegar, outro já desceu antes de mim”. No horizonte, brilha um sol
ardente, em seu corpo combalido, já cansado e fatigado pela longa espera, o
enfermo ouve as palavras enternecedoras e misericordiosas do Mestre:
“Levanta-te, toma o teu leito e anda! ”. De início trôpego; aos poucos, seus
membros se revigoram, e ele, obediente, levanta-se: estava curado!
Bela é a descrição feita por S. João
Crisóstomo: “Uma multidão de enfermos jazia ao lado da piscina, mas a
enfermidade deles os impedia de entrar na água para serem curados. Em nossos
dias, todos podem se aproximar, e não podemos dizer: ‘outro já desceu antes de
mim’; como um raio de sol não diminui se muitos gozam de sua luz, assim também,
mesmo se o mundo todo aí estivesse, a graça jamais se esgotaria”. Momentos antes,
Jesus tinha dito ao paralítico de Cafarnaum: “Levanta-te, toma o teu leito e
anda”. É o cumprimento do anúncio profético de Isaías sobre o tempo messiânico:
“Os coxos andam; firmam-se os joelhos debilitados” (35,3).
O
milagre deu-se na piscina de Betesda, que significa “casa de misericórdia”. Aliás,
o verbo levantar-se, em grego, egeiro,
expressa a ordem dada por Jesus ao paralítico, e é também utilizado, pouco
adiante (v.21), para significar o poder de dar vida aos mortos. As duas cenas falam
da ação misericordiosa de Jesus, que, além de devolver a vida ou a saúde ao
corpo e à alma, reintegra o curado ou o ressuscitado na comunidade. A reação
dos chefes do povo e dos fariseus segue-se imediatamente. Não reconhecendo em
Jesus a proximidade salvadora de Deus, eles se fixam no fato de Ele ter
realizado essas obras no dia de sábado, observado, rigorosamente, por eles
segundo seu sistema de prescrições rituais, que eclipsava seu sentido original:
dia de repouso, de festa e de encontro com Deus misericordioso e libertador. Assim,
sem romper com os princípios do Antigo testamento, Jesus abre outra praxe de
vida marcada pelo amor e pela liberdade interior na comunhão com o Pai. Ao
dizer ao que era paralítico: “Levanta-te, toma teu leito e anda! ”, Ele se
revela o legislador soberanamente livre.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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