Reflexão do Evangelho de quinta-feira 10 de março



Reflexão do Evangelho de quinta-feira 10 de março
Jo. 5, 31-47 -  As testemunhas autentificam a missão de Jesus

      
       Para credenciar suas palavras, Jesus cita João Batista, Moisés e as Escrituras Sagradas; e indica um testemunho ainda mais valioso: as obras que o Pai lhe deu a realizar. Elas atestam a seu favor.  
       Os opositores recusam aceitar sua autoridade divina, pois estão convencidos de que a Lei, concedida por Deus, era um dom perfeito, que englobava todas as manifestações divinas. Ninguém poderia mudá-la. Nem mesmo o Messias. Todo diálogo entre o homem e Deus teria de passar por ela e quem a observasse seria cumulado de méritos; sua transgressão traria castigo e exclusão da comunidade.
       Por isso, a liberdade soberana de Jesus, em relação à Lei, causa grande admiração a todos. A população o ouve com a respiração presa, pois jamais tinha ouvido alguém falar com tamanha liberdade. Sem negar a Lei, mas restaurando a ordem original da criação, Ele alarga seus horizontes até à supremacia do amor. Pasmo e assombro, reinam entre os escribas e fariseus, incapazes de vislumbrar a luz da liberdade e a beleza da verdade anunciada por Ele. Eles procuram, diz Jesus, “receber a glória uns dos outros, mas não a glória do Deus único”, pois nascidos, como numa prisão escura, não alcançam a luz de uma paisagem banhada de sol e de inefável alegria.
       Em sua missão, Jesus suscita uma fé incondicional em Deus, que quer acolher a todos para introduzi-los na suavidade dos benefícios do amor divino. Quem não enxerga essa sua ação benevolente, ou quem se liga somente à Lei, não o acolhe, mas interpretando a Escritura, segundo seus interesses e opiniões, permanece surdo à voz daquele que interpreta a Lei como manifestação da misericórdia do Pai: para o bem de todos, e não para a condenação.
Jesus é profundamente humano; acolhe cada pessoa, e a torna participante de um convívio festivo com Ele. Acolhido por Cristo, não mais preso ao pecado e ao mal, o ser humano compreende que ser seu discípulo é assimilar a sua palavra, que lhe permite passar da morte à vida, das trevas à luz divina, que, segundo S. Simão, o teólogo, “brilhará em seu coração e em seu espírito. Luz sem ocaso, sem mudança, inalterável e jamais eclipsada”. Então, sua fé será sólida, pois o próprio Pai testemunha a favor do Filho, que não depende, como Ele próprio afirma, de testemunhos meramente humanos (v.37).  

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM                                                                                                                                                                                                                                                                        

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