Reflexão do Evangelho de terça-feira 15 de março
Reflexão
do Evangelho de terça-feira 15 de março
Jo 8,
21-30 - Origens de Jesus
Diante das restrições de Jesus sobre sua
origem, a imaginação dos fariseus que o ouvem corre à solta. A pergunta não é
“donde vem Jesus”, mas “para onde ele vai”. Alguns julgam que Ele iria para a
diáspora, outros imaginam que Ele iria se matar. Voltando-se para eles, em tom
áspero e duro, Jesus diz que eles não poderão chegar lá onde Ele estiver, pois
“morrerão no seu pecado”: não é questão de lugar, mas de estado espiritual. A
pretensão de serem virtuosos deixa-os espiritualmente cegos, impedindo-os de
reconhecer o próprio pecado e de acolher a verdade que os tornaria livres. Os
fariseus permanecem fechados à luz divina: embora festejando o dia da
Reconciliação, o Yom Kippur, eles não acolhem o Filho, que lhes oferece a
suavidade do perdão e do amor.
Para
todos valem as palavras: “Vós sois daqui de baixo e eu sou do alto, vós sois
deste mundo, eu não sou deste mundo”. Torna-se assim possível compreender um
pouco o que seja segui-lo: pela ação da fé, efetuar a necessária conversão,
passando de uma ordem à outra, o que significa pertencer a um mundo novo, no
qual impera a justiça e o amor de Deus.
Apresenta-se aqui o forte contraste entre
Jesus e seus adversários. Descendentes de Abraão, eles se consideram livres simplesmente
pelo fato de possuírem e de observarem a Lei, segundo um conceito atestado na
literatura rabínica: a Lei torna o israelita livre. Jesus os rebate, argumentando
que o fato de ser judeu, depositário da promessa divina, não é apenas estar
materialmente vinculado a Abraão; é ter a mesma disposição interior: sentir-se como
ele totalmente dependente de Deus. Só então eles serão capazes de compreender donde
Ele procede e para onde Ele vai. Pois enquanto estiverem radicados em “seu”
mundo, eles serão incapazes de acolher a sua palavra.
Mas
o reconhecimento de quem Ele é só lhes será dado, diz Jesus: “Quando tiverdes
elevado o Filho do Homem. Então sabereis que eu sou e que nada faço por mim
mesmo, mas falo como me ensinou o Pai. E quem me enviou está comigo. Não me
deixou sozinho, porque faço sempre o que lhe agrada”. Por conseguinte, as
palavras do Senhor não refletem condenação, mas sim a esperança de que também
seus adversários reconheçam a presença nele da realidade benfazeja do Reino de
Deus. O momento decisivo será a sua “glorificação”, menção de sua morte na cruz
ou de sua ressurreição.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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