Reflexão do Evangelho de sábado Santo 26 de março e Domingo de Páscoa 27 de março
Reflexão do Evangelho de sábado
Santo 26 de março e Domingo de Páscoa 27 de março
Ressurreição do Senhor
Entre
os Apóstolos e discípulos do Mestre reinava o desalento. Teria sido Ele
abandonado por Deus? Por que, tão jovem e portador de esperança para tantas
pessoas, teria Ele sido submetido a uma morte tão desonrosa? Alguns deles,
desiludidos, deixam a cidade de Jerusalém, retornando às suas vilas. Seria Ele,
de fato, o Messias esperado? O que fazer? A derrota era irremediável, seus
sonhos de glória caíam por terra e um profundo amargor buscava dominar seus
corações.
Mas eis que no primeiro dia da semana,
bem cedo, Maria Madalena vai ao túmulo de Jesus. No entanto, embora o sol não
tivesse ainda raiado, sua luz bruxuleante permitia-lhe notar que algo tinha
acontecido: a pedra, que encerrava o túmulo, tinha sido removida. Ela e as
mulheres, que a acompanhavam, lançam um olhar para dentro do sepulcro e notam
que ele estava vazio. Admirada, talvez assustada, Maria corre até Simão Pedro e
ao outro discípulo, que céleres se dirigem ao túmulo, para se assegurarem de
que ele estava vazio: é a verificação “oficial”. Por causa de sua juventude,
também, segundo alguns S. Padres, “pelo zelo de seu amor”, João vai mais
rápido, chega por primeiro, olha para dentro do sepulcro, mas não entra. Espera
por Pedro, sinal de notável deferência, sinal de reconhecimento do primado do
Apóstolo Pedro, que, ao chegar, levado por seu temperamento impetuoso, entra
imediatamente, e “vê as faixas de linho deitadas no chão e o pano que tinha
estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar
à parte”. Tais detalhes traduzem o valor do testemunho direto dos Apóstolos.
“Então,
entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: e viu e
creu”. Se ao Apóstolo Pedro cabe a
precedência, a João, o discípulo amado, a fé. Assim, pela fé, chega aos
Apóstolos o conhecimento da ressurreição do Senhor, não como simples retomada
da vida anterior, assim foi a de Lázaro, mas como a entrada definitiva do
Senhor na Vida, onde a morte não encontra lugar. Diante das palavras de Jesus
ressuscitado: “Sou eu mesmo”, as dúvidas dos Apóstolos desaparecem. Sobretudo
mais tarde, quando, encontrando-os reunidos, Jesus lhes pede do que comer, e a Tomé,
que duvidara, manda tocar as chagas de suas mãos e de seu peito. A fé não é
fruto de sensações subjetivas. Com efeito, perante os Apóstolos está Jesus ressuscitado,
que os conduz ao reconhecimento de sua forma mais elevada de existência. De
fato, admirados, eles contemplam sua corporeidade transfigurada, não mais
sujeita aos limites e barreiras da natureza humana; mais tarde, Pedro
proclamará: “Deus o ressuscitou; e disto somos nós testemunhas” (At 2,32).
Porém,
ao testemunho ocular da Ressurreição une-se o testemunho interior do Espírito
Santo, que nos prepara para a vinda gloriosa do Senhor. Pertence ao Espírito
comunicar-nos tudo o que é próprio do Filho, de maneira que, incluídos em Jesus,
nos tornamos filhos amados do Pai, com o qual estabelecemos uma comunhão vital
e duradoura. Essa experiência pessoal de uma vida nova e imortal em Deus atesta
que Cristo ressuscitou, e que, portanto, no dizer do Apóstolo S. Paulo, nossa
fé não é vã.
Então,
felizes e reconfortados, louvamos e agradecemos ao Senhor por nos tornar
participantes de sua imortalidade, pois o que não é possível a Deus, a morte,
foi ela assumida por Cristo, o Filho de Deus, e o que não é possível a nós, a
vida eterna, foi-nos concedida por Cristo em sua Ressurreição. Proclama S. João
Crisóstomo: “Ninguém se aflija com a própria nulidade, porque se estabeleceu um
reino aberto a todos. Ninguém chore pelos próprios pecados, porque o perdão
emergiu do túmulo. Ninguém mais tenha medo da morte, porque dela nos livrou a
morte do Salvador: prisioneiro da morte, Ele a sufocou, tendo descido aos
infernos, submeteu os infernos. Morte, onde está o teu aguilhão? Infernos, onde
está a tua vitória? Cristo ressuscitou, e nós estamos revoltos; Cristo
ressuscitou, e os demônios estão aniquilados, Cristo ressuscitou, e os anjos
rejubilam; Cristo ressuscitou, e a vida está coroada”.
FELIZ E ABENÇOADA PÁSCOA
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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