Reflexão do Evangelho de sexta-feira 04 de março
Reflexão do Evangelho de sexta-feira 04 de março
Mc 12, 28-34 - O maior mandamento
No mundo judaico, os mandamentos do amor
a Deus e ao próximo, embora pronunciados em contextos diferentes, são
fundamentais aos membros do Povo de Deus. O mundo grego destacava também dois
mandamentos principais: a veneração a Deus (eusébeia)
e a reta e justa relação para com os semelhantes (dikaiosyné). Assim, à pergunta de um escriba sobre qual seria o
maior e primeiro mandamento, Jesus cita aquele que fazia parte da profissão de
fé monoteísta de cada judeu: amar a Deus de todo coração e com todas as suas
forças. Mas, por iniciativa própria, Ele acrescenta um segundo mandamento: amar
o próximo como a si mesmo (cf. Lev. 19,18). Se as Escrituras os citam,
separadamente, Jesus os une, intimamente, e manifesta serem eles expressão do
amor de Deus para conosco.
Ao
assumir a realidade humana, Jesus inclui nele a humanidade regenerada e nos torna
participantes da vida divina. Por isso, sendo a “suprema epifania” do amor
incomensurável de Deus, Ele nos permite amar, em seu próprio amor, o Pai e os
nossos semelhantes. Eis a chave de nossa esperança, com a qual abrimos a porta
do nosso coração para entrever o novo horizonte do Povo de Israel, renovado por
Jesus.
Nesse
sentido, é significativa a frase de S. Gregório de Nazianzo: “O que não foi
assumido, não foi salvo”, ou a declaração de S. Atanásio: “Deus se fez homem
para que o homem se tornasse Deus”, pois a humanidade de Jesus não é,
simplesmente, semelhante à nossa, mas trata-se da nossa, a mesma que está em
nós. Por conseguinte, Jesus nos traz todos em seu corpo e em sua alma, de modo
que é no seu próprio amor que amamos nossos semelhantes, quaisquer que eles
sejam. E isso vale mais, exclama o escriba, do que todos os holocaustos e todos
os sacrifícios.
Portanto, o amor cristão não se
reduz a um mero sentimento; ele provém do interior do coração e se expressa nas
obras de misericórdia, práticas exteriores, que nos permitem falar livremente a
Deus.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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