Reflexão do Evangelho de quinta-feira 31 de março
Reflexão
do Evangelho de quinta-feira 31 de março
Lc 24,
35-48 - Aparição aos Apóstolos
S. Lucas narra os mais decisivos atos do
testemunho evangélico sobre a Ressurreição de Jesus: a verificação do túmulo
vazio e as aparições de Jesus ressuscitado. As primeiras aparições, ditas “privativas”,
deram origem a dúvidas e incertezas, alimentando fervorosa discussão entre os
Apóstolos. Assim, certa feita, já era noite e eles lá estavam no Cenáculo, e enquanto
discutiam, eis que lhes chega a notícia de que o Mestre aparecera a Pedro; pouco
antes, tinham chegado os dois discípulos provenientes de Emaús, contando o que
lhes tinha sucedido e o fato de o terem reconhecido na fração do pão. Mesmo
assim havia ainda dificuldade em acreditar em suas palavras, criando uma
situação de desconforto. A discussão corria acalorada, quando, de repente, eles
ouvem uma voz que lhes era bastante familiar: “A paz esteja convosco”. Houve
murmúrios. O espanto paralisou-os. Aterrados e cheios de medo, “eles julgam ver
um espírito” e não o Mestre, cuja alma imperturbável irradiava eterna paz e
bondade. Sereno, Jesus leu-lhes nos olhos a incerteza e para tranquilizá-los
pergunta: “Por que vos perturbais, por que sobem ao vosso coração esses
pensamentos de dúvida? ”. E para que todo temor se afastasse de seus corações e
se dissipasse a dúvida de ser Ele uma simples visão, Jesus dá provas de sua identidade:
“Vede minhas mãos e meus pés, pois sou eu”. A dúvida e o receio afastam-se e dão
lugar à alegria e à certeza interior da presença de Jesus ressuscitado. Era o
Mestre!
Depois,
como se nada tivesse acontecido, Ele lhes pede algo para comer. Pasmos, os
Apóstolos o acompanham à refeição. Como se não bastasse o fato de lhes mostrar
as marcas dos cravos nas mãos e nos pés, Ele toma “um pedaço de peixe assado” para
comer, como sinal de sua corporeidade. Surpresos, eles não conseguiam crer que
o mesmo Senhor, que os tinha abençoado com suas mãos misericordiosas, mãos que
traziam os vestígios dos cravos, estava presente no meio deles, em sua vida de
Deus. Por isso, após render graças, Jesus lhes fala do começo de um novo tempo,
vivido na comunhão com Ele, “lugar” em que o homem se eleva a Deus e participa da
vida divina.
A
Ressurreição não o tornou diferente do que Ele era antes; revelou o que ele
sempre foi: presença radiosa e fonte da ação do Espírito divino na vida dos
seus seguidores. Se na Encarnação, em que Ele assumiu nossa humanidade, eles
foram inseridos nele, agora, na sua Ressurreição, imersos num oceano de luz e
de silêncio, eles são introduzidos em sua glória, e resplandecerão “como o sol
no Reino de seu Pai”. Mais tarde, o Apóstolo S. Paulo irá proclamar: “Assim
como em nós carregamos a imagem do homem terrestre, carreguemos, igualmente, em
nós a imagem do homem celeste” (1Cor 15, 49).
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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