Reflexão do Evangelho de segunda-feira 07 de março
Reflexão
do Evangelho de segunda-feira 07 de março
Jo 9,
1- 41 - A cura do cego de nascença
O que seria pior, a cegueira física ou a
cegueira moral e espiritual? Se a primeira nos impede de ver a luz do sol, a
segunda fecha nossa mente e coração ao amor e à verdade de Deus. Sem se deixar inibir
pelas prescrições criadas pelos doutores da Lei ou pelos fariseus, Jesus quer
fazê-los ver que nele se cumpre a Lei em suas profundas e básicas intenções. Mas
eles são incapazes de reconhecer uma nova perspectiva de salvação; ao contrário,
radicalizam-se e se perdem no legalismo formalista sem conteúdo real. Por isso,
no final do relato do milagre da cura do cego, Ele se volta para os fariseus e
lhes diz: “Se fôsseis cegos não teríeis culpa; mas porque dizeis: Nós vemos!
Vosso pecado permanece”. De fato, o percurso feito pelo cego de nascença difere
do caminho seguido pelos fariseus: o cego chega a ver Jesus, sensivelmente; os
fariseus não logram vê-lo, espiritualmente.
Com
os olhos interiores besuntados e adormecidos, os fariseus irão procurar desacreditar
Jesus e, não querendo se render ao milagre realizado por Ele, pressionavam os pais
daquele que antes era cego, para que negassem os fatos. Mas ele, de maneira bem
simples e direta, conta-lhes o que acontecera: “Aquele homem chamado Jesus fez
lama, aplicou-a nos meus olhos e me disse: ‘Vai a Siloé e lava-te’. Fui,
lavei-me e recobrei a vista”. Ao invés dos doutores da Lei e dos fariseus, o
cego de nascença, gradativamente, se fortalece na fé e enxerga quem é Jesus. Se
no início, ele o denomina um profeta ou enviado de Deus, no final, ele declara ser
Jesus o Filho do Homem, culminando em uma verdadeira confissão de fé, expressa em
seu testemunho, tão bem sublinhado pelo Evangelista.
O
desfecho do episódio, apresentado nos versículos finais, esboça o “julgamento”,
que cada um provoca pela sua incredulidade ou por sua profissão de fé. O cego
vê Jesus com seus olhos corporais e o reconhece em seu coração, enquanto os
fariseus permanecem em sua cegueira espiritual, apegados ao sistema do qual se
consideram donos; rejeitam tudo quanto questionava seu modo de viver e o seu
pretenso saber. A presença do cego os incomoda e eles se sentem confusos diante
de suas palavras, tão sinceras, como essas: “Jamais se ouviu dizer que alguém
tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se este homem não fosse de Deus,
nada poderia fazer”. Por isso, impacientes e irritados, eles o expulsam.
Curado fisicamente, o cego contempla em
seu coração a verdade comunicada por Jesus e é iluminado, interiormente, pela
fé. Por esse motivo, ao ser perguntado se acreditava no Filho do homem, ele
interroga: “Quem é, para que eu acredite nele”. “Tu o estás vendo: é o que está
falando contigo”, responde Jesus. Então, ele exclama: “Creio Senhor, e
prostrou-se diante dele”. Atitude que manifesta reconhecimento da presença da misericórdia
de Deus, que, em Jesus, ultrapassa tudo quanto ele podia imaginar.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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