Reflexão do Evangelho de segunda-feira 21 de março
Reflexão
do Evangelho de segunda-feira 21 de março
Jo 12,
1-11 - A unção de Betânia
Pasmos, os convivas veem uma mulher que,
durante a refeição, se aproxima de Jesus e lava os seus pés com um precioso
perfume. O fato de ungir os pés e a cabeça de um convidado era prova de
respeito, muito frequente naquela época. Seu gesto, porém, é recriminado,
principalmente, por Judas Iscariotes, caracterizado como traidor e como aquele
que, sob o véu da piedade e de fingido zelo, esconde a intenção de desviar para
si o que era destinado aos pobres.
Nada
é alheio ao Senhor. Ele não rejeita, nem condena aquela mulher, dizendo aos presentes
“Deixa-a; para me ungir no dia de meu sepultamento é que o guardou! ”. O gesto
da mulher traz, assim, à nossa memória o amor gratuito dos pobres, que
generosamente se doam, e o valor absoluto do amor a Deus. A pobreza e seus
problemas não são enfrentados com a lógica de Judas, bolsa cheia, mas com a
lógica do Evangelho, amor gratuito e generoso. Aliás, citando o Deuteronômio (15, 9-11), Jesus
preceitua essa generosidade, presente nos Evangelhos de Mateus e Marcos, o que
leva S. Cirilo de Alexandria a dizer: “Marta serve, Maria derrama o perfume:
assim, pelas duas, efetiva-se o amor total”.
Maria
“tomou uma libra de um perfume de nardo puro (pistikós) ”, termo grego, que é relacionado pelo evangelista S.
João à palavra “pístis” (fé), para
destacar que o que conta, não é a quantidade de perfume ou o seu valor, mas o
reconhecimento da presença de Deus em Jesus, que acolhe a pecadora. Quanto
maior o perdão concedido, tanto maior o amor que lhe corresponde. Por isso, o venerável
Beda recorda que “os fiéis são também denominados nardos porque compartilham,
por meio do amor, dessa unção custosa e pura, e, por suas palavras e atos, rescendem
o odor do perfume em toda a Igreja”.
A
unção de Betânia reflete não apenas a iminência da partida de Jesus, como
também o amor e respeito devidos a Ele. E não só. O Evangelho de S. João
ressalta, igualmente, a mensagem profética, simbolizada pelo vaso de alabastro
rompido, que perfuma todo o ambiente; prefiguração do divino perfume da fé, que
se difundirá pelo mundo afora. O próprio Senhor proclama: “O que fez esta
mulher, será anunciado no mundo inteiro”: a realidade do mistério de Cristo ultrapassa
toda palavra e gesto humano. Então, espontaneamente,
brota em nós o desejo de que o perfume da fé se difunda e penetre o coração de cada
um de nós, de maneira que, unidos a Cristo, estejamos prontos a lavar os pés
uns dos outros.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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