Reflexão do Evangelho de quarta-feira 09 de março



Reflexão do Evangelho de quarta-feira 09 de março
Jo 5, 17-30 - Discurso sobre as obras do Filho
      
      
       Em seu agir livre e misericordioso, Deus jamais dispensa a nossa liberdade. Caso contrário, não seríamos pessoas responsáveis e, em última análise, não haveria o bem e o mal, que nos permitem modelar nossa identidade. Por conseguinte, para agirmos bem e de modo justo, urge deixar agir em nós o fogo purificador do Espírito divino, que nos comunica o dom do discernimento para distinguir o que é preciso admitir e o que necessitamos rejeitar em nossas decisões. Sem cairmos numa interpretação eclesiástica de Deus, anima-nos a esperança de encontrar um modelo da verdadeira humanidade, chance vital de liberdade e realização.
Se a angústia da certeza da morte está presente em nós, também não deixa de vigorar em nós o desejo de ser e de unidade, desejo do Ser e do Uno, que, no dizer de S. Agostinho, é abertura para a mensagem salvadora de Jesus. Mas há os que recusam o convite do Senhor e consideram inadmissível o fato de Ele falar e agir em nome e no poder de Deus Pai. Assim procediam as autoridades religiosas de sua época, que o acusam de “não cumpridor do sábado” e “blasfemador”: que direito tinha Ele de se contrapor à Lei? E não só. Ao falar de suas obras, Jesus diz fazê-las não por conta própria, mas de acordo com a vontade do Pai, pois “o Pai confiou tudo a mim; ninguém conhece o Filho a não ser o Pai e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho quiser revelar”. Palavras decisivas, que o tornam igual ao Pai; Ele é seu “Filho predileto”, de maneira que quem não o respeita não respeita o Pai.    
No entanto, apesar da rejeição e dos ataques pessoais, Jesus não condena, nem faz ameaças de castigo. São as próprias pessoas que se julgam, de acordo com a opção que fazem: ou viver como filhos de Deus, ou abraçar as trevas do pecado e da injustiça. De sua parte, Ele quer que todos, correspondendo ao amor do Pai, sejam transparência e testemunha da Verdade, e possam entrar no verdadeiro Repouso divino.
Por isso, vendo a importância e urgência do momento presente, num suspiro amoroso, Ele diz: “Vem a hora, e é agora” (v.25). Não há delongas, ou se decide por Ele “agora”, ou se nega desde já participar da comunhão eterna com o Pai, pois a Ele cabe o poder de dar, àqueles que o acolhem, a vida eterna, vida autêntica e definitiva. Consequentemente, se estivermos vivendo e realizando as obras de Jesus, estaremos desde já, participando da salvação e da glória do Pai e do Filho.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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