Reflexão do Evangelho - Quinta-feira, 20 de abril


Lc 24, 35-48 - Aparição aos apóstolos.


       
      As primeiras aparições de Jesus ressuscitado, ditas “privativas”, deram origem a dúvidas e incertezas. Certa feita, já era noite e os Apóstolos lá estavam no Cenáculo, e enquanto discutiam, eis que lhes chega a notícia de que o Mestre aparecera a Pedro; pouco antes, tinham chegado os dois discípulos provenientes de Emaús, contando o que lhes tinha sucedido e o fato de o terem reconhecido na fração do pão. Mesmo assim havia ainda dificuldade em acreditar em suas palavras, criando uma situação de desconforto.
A discussão corria acalorada, quando, de repente, eles ouvem uma voz que lhes era bastante familiar: “A paz esteja convosco”. O espanto paralisou-os. Cheios de medo, “eles julgam ver um espírito” e não o Mestre. Jesus, lendo em seus olhos a incerteza e a perplexidade, para tranquilizá-los, pergunta-lhes: “Por que vos perturbais, por que sobem ao vosso coração esses pensamentos de dúvida? ”. Para que o temor não invadisse a consciência deles e toda dúvida fosse dissipada, Ele lhes dá provas de sua identidade: “Vede minhas mãos e meus pés, pois sou eu”. É o Mestre! A alegria, o equilíbrio interior e a confiança voltam aos seus corações e eles encontram razões para festejar e celebrar, agradecendo a Deus o triunfo da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas.   
Logo após, para firmá-los na fé, como se nada tivesse acontecido, pede-lhes algo para comer. Como se não bastasse o fato de lhes mostrar as marcas dos cravos nas mãos e nos pés, Ele pega “um pedaço de peixe assado” para comer com eles, sinal de sua corporeidade glorificada, que conservava toda sua realidade física. Surpresos, eles não conseguem crer que o mesmo Senhor, que os tinha abençoado com suas mãos misericordiosas, mãos que traziam os vestígios do martírio, estava presente no meio deles, em sua vida de Deus.  
A Ressurreição não o tornou diferente do que era antes; revelou o que Ele sempre foi: presença radiosa e fonte da ação renovadora e salvadora de Deus. Então, Ele é reconhecido e proclamado como o Senhor, como Jesus de Nazaré, que ressuscitou e, superando a morte, está vivo. Se na Encarnação, Ele assumiu a nossa humanidade e fomos inseridos nele, agora, em sua Ressurreição, imersos num oceano de luz e de silêncio, somos introduzidos em sua glória e, como seus seguidores, tornamo-nos testemunhas das intenções salvadoras do Pai.
Por conseguinte, as aparições de Jesus indicam o reconhecimento dele como epifania do amor de Deus em nossa vida ou, melhor, presença escatológica de Deus conosco. Com S. Paulo, dizemos: “Assim como nós carregamos a imagem do homem terrestre, carreguemos, igualmente, em nós a imagem do homem celeste” (1Cor 15, 49).


+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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