Reflexão do Evangelho - Terça-feira, 18 de abril


Jo 20,11-18 - Aparição a Maria Madalena




        A primeira série das aparições de Jesus, mais pessoais e tocantes, tem como protagonistas as santas mulheres e os Apóstolos Pedro e João. Hoje, ao narrar o encontro de Jesus com Maria Madalena, o Evangelho destaca o valor das “intuições do coração” e, de maneira simples, descreve a inefável condescendência divina. Maria, mergulhada em sua dor, voltada para o túmulo vazio, não reconhece imediatamente o Senhor ressuscitado, de pé, diante dela. Só quando Ele pronuncia o seu nome, ela percebe ser Jesus. Então, em seu coração, renasce a esperança, e ela readquire força e alento para contemplar, entre lágrimas de alegria, Aquele que trazia em suas mãos os vestígios dos cravos que as tinham traspassado. Encontro decisivo. S. Máximo, o Confessor, coloca nos lábios de Jesus as palavras: “Eu sou o vosso perdão; eu sou a Páscoa de salvação; sou a vossa luz, a vossa ressurreição”.    
      Como nas demais aparições do Ressuscitado, destaca-se, também aqui, a profissão de fé em Jesus: “Ele não está aqui, Ele ressuscitou”. Não é a morte, é a vida que tem a última palavra. Inaugura-se o tempo de salvação, a intimidade entre Jesus e o Pai, “meu Pai e meu Deus”, é oferecida a todos: eis a revelação de um amor não só criador, também salvador, em que o pecador, recriado na profundidade do seu pecado, é libertado e adotado pelo Pai. Meditando essas palavras, que recapitulam o desígnio do plano da nossa Redenção, S. Gregório de Nissa descreve Jesus, dizendo: “Eu vos farei que Ele retorne a ser vosso Pai por minha causa, o verdadeiro Pai que vós abandonastes. E, por minha causa, Ele se torne de novo vosso Deus, o verdadeiro Deus que negastes”.
Quanta ternura de Jesus, o Filho de Deus, luz divina que incendeia o gênero humano, mortal, concedendo-lhe efetiva participação em sua própria filiação divina. Tal é o sentido de sua surpreendente generosidade em relação à cura dos enfermos e aos pecadores, reconduzidos por sua mão amorosa à vida imortal. Através da Ressurreição, Jesus realiza seu sonho de instaurar no mundo o Reino de Deus, traduzido numa atitude de disponibilidade total para o Pai, seu Pai, e para os seus irmãos, nossos semelhantes. Esses bens florescem na história e a fazem progredir para a verdadeira nova criação, pois “todas as coisas foram feitas por Ele e sem Ele nada se fez de tudo quanto foi feito” (Jo 1,3). No Evangelho apócrifo de S. Tomé, do primeiro século, esse processo, que já está em curso, se expressa num belo texto: “Eu sou a luz que está sobre todas as coisas; eu sou o universo. O universo saiu de mim e o universo retorna a mim. Rache a lenha, e estou dentro dela. Levante a pedra, e eu estou debaixo dela. Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (log.104).


+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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