Evangelho de Terça-feira 15 da Abril e Quarta-feira 16 de Abril
Evangelho de Terça-feira 15 da Abril e Quarta-feira 16
de Abril
Jo 13, 21-33.36-38 / Mt 26, 14-25:
Anúncio da traição de Judas
“Um de vós me
entregará”. Perplexos, os Apóstolos entreolham-se em silêncio. Estas palavras
de Jesus, justamente pela sua imprecisão, trazem inquietação. A face do Senhor
demonstra tristeza ao pronunciar o salmo: “Aquele que come comigo ergueu o
calcanhar contra mim”. Confusos, temerosos e inseguros, os Apóstolos perguntam
um depois do outro: “Não sou eu, sou?” Escreve Orígenes: “Jesus fala, de modo
geral, para provar a qualidade de seus corações, para mostrar que os Apóstolos
acreditavam mais nas palavras do Mestre, que em sua própria consciência”.
Também Judas, torturado por sentimentos contraditórios, ousa perguntar: “Porventura
sou eu?”
Angustiado pela incerteza, Pedro
recorre ao discípulo, que estava ao lado do Mestre, para saber quem era o
traidor. Com voz tênue, Jesus lhe responde: “É aquele a quem eu der o pão, que
vou umedecer no molho”. Sugere alguém que come do mesmo pão para realçar o contraste
entre a comunhão à mesa dos irmãos e a traição. O traidor rompe esta comunhão. Querendo talvez, mais uma vez, salvar a ovelha
desgarrada, Jesus tomou um bocado de pão e o deu a Judas. Ao invés de se deixar
iluminar pela misericórdia divina, ele tornou-se ainda mais sombrio; “satanás
entrou nele”, segundo o evangelista.
Mais uma vez, vê-se a paciência e a
bondade de Jesus. Ele não amaldiçoa, nem condena Judas. Suas palavras são como um
último apelo à conversão do Apóstolo. Mesmo ao dizer o terrível “ai”, o Senhor não
deixa de indicar que a responsabilidade cabe a Judas, pois ele e os demais
Apóstolos estão à mercê da misericórdia divina, que não os abandona. Fitando-o
nos olhos, Jesus lhe diz: “Faze depressa o que tens a fazer”.
Diante do doloroso
enigma do mal praticado, reconhecemos a opção de Judas como um ato de livre
determinação (autecsousía), que, infelizmente, atingido pela ganância, levou-o
a resvalar em erro. O Evangelho destaca: “E era noite”. Observação que adquire
um valor simbólico dramático, evocando a hora das trevas e a ação dos filhos do
mal. Quem anda à noite tropeça, pois não há luz e ele não sabe aonde ir. E as
trevas da noite o envolveram em sombras.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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