Reflexão do Evangelho de Sábado – 12 de Abril

Reflexão do Evangelho de Sábado – 12 de Abril
Jo 11, 45-56: Chefes dos judeus sentenciam a morte de Jesus
        
As opiniões se dividem. Alguns membros do Sinédrio, chefes dos sacerdotes e os fariseus, viam Jesus como um blasfemador, que pretendia superar a Lei, defendida com rigorismo por eles; outros o admiravam e reconheciam seus ensinamentos como tentativa para alcançar o sentido mais profundo da Lei, indicado pelos profetas. Jesus tem consciência das lutas e escárnios contra sua pessoa e da atitude nobre e sincera de muitos dos que o ouvem. Mas, após a ressurreição de Lázaro, a discussão entre eles torna-se ainda mais acalorada. As palavras se atropelam e, em meio a um clima tenso, sobressai a voz dos que alegam o perigo de repressão por parte dos romanos. Enciumados, movidos pela vaidade e soberba, há os que não admitem a presença do povo ao redor de Jesus. Na análise de S. Cirilo de Alexandria, “eles estariam recriminando a si mesmos, por não terem matado Jesus antes da ressurreição de Lázaro. Exortam-se mutuamente ao crime, pois não suportam que as multidões creiam em Jesus. Consideram-se injustamente prejudicados em suas funções, embora saibam que elas pertencem a Deus”.
         O burburinho é quebrado pelo parecer do sumo sacerdote, Caifás: “Não compreendeis que é de vosso interesse que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda?”. “Como é grande o poder pontifical!”, exclama S. João Crisóstomo, pois “tendo alcançado o grau supremo de sumo sacerdote, ele profetiza, sem mesmo discernir o que estava dizendo. A graça (charis) só se serviu de seus lábios. Não chegou a tocar o seu coração impuro”. Dramática ironia, ele vaticina que um, Jesus, devia morrer por toda a nação.  Não só por ela, observa o evangelista, mas também por “todos os filhos de Deus dispersos” para constituir o “Israel de Deus”, o povo da nova Aliança. Cristo, o templo humano onde Deus habita, irá estabelecer, para sempre, um único povo, uma única terra e um único santuário.
         Pressionadas pelas controvérsias e pelos milagres de Jesus, sobretudo, após a cura do cego de nascença e a ressurreição de Lázaro, os membros do Sinédrio decidem pela sua morte. A visão deles, curta e mesquinha, defronta-se com o fato de Jesus estar pronto para tornar justos os pecadores e fazê-los irmãos seus e filhos do Pai eterno. A decisão deles já está tomada. E Jesus está pronto a dar a sua vida, movido por esse amor inimaginável, com o qual Ele os ama. Entrementes, a multidão exulta com a sua entrada na cidade de Jerusalém. Fato que provoca seus adversários, que se apressam em aceitar a oferta de Judas. Vitória do mal? Jesus é preso, crucificado e morto. Mas a realidade única, escondida aos olhos de seus inimigos, manifesta-se: O “Reino dos santos” realiza-se na sua entrega à morte, por eles e pela multidão, em remissão dos pecados. É a vitória do amor, que derrota a morte e o ressuscita ao terceiro dia, “restituindo à carne morta, a força vivificante de Deus” (S. Cirilo de Alexandria). Da cruz chega a nós um sussurro: “Eu sou o vosso perdão, eu sou a Páscoa da Salvação, sou a vossa luz, a vossa Ressurreição” (Melitão de Sardes).


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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