Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 24 de Abril - Lc 24, 35-48: Aparição aos Apóstolos

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 24 de Abril
Lc 24, 35-48: Aparição aos Apóstolos

                  S. Lucas narra os mais decisivos atos do testemunho evangélico sobre a Ressurreição de Jesus: a verificação do túmulo vazio e as aparições. Ditas “privativas”, estas aparições deram origem a dúvidas e incertezas, alimentando fervorosas discussões entre os Apóstolos. Já era noite e eles lá estavam no Cenáculo, e enquanto discutiam, eis que lhes chega a notícia de que o Mestre aparecera a Pedro. Pouco antes, tinham chegado os dois discípulos provenientes de Emaús, contando o que lhes tinha sucedido e o fato de o terem reconhecido na fração do pão. Mesmo assim havia ainda dificuldade em acreditar em suas palavras. A discussão corria acalorada, quando, de repente, eles ouvem uma voz que lhes era bastante familiar: “A paz esteja convosco”. O espanto paralisou-os. Aterrados e cheios de medo, “eles julgam ver um espírito”. Sereno, Jesus os olhava e para tranquilizá-los pergunta: “Por que vos perturbais, por que sobem ao vosso coração esses pensamentos de dúvida?” E para que todo temor se afastasse de seus corações e se dissipasse a dúvida de ser Ele uma simples visão, Jesus dá provas de sua identidade: “Vede minhas mãos e meus pés, pois sou eu”. O temor e o receio afastam-se e dão lugar à alegria e à certeza interior da presença de Jesus ressuscitado. Era o Mestre!
Depois, como se nada tivesse acontecido, Ele lhes pede algo para comer. Pasmos os Apóstolos o acompanham à refeição. Não bastasse o fato de lhes mostrar as marcas dos cravos nas mãos e nos pés, “tomando um pedaço de peixe assado”, Ele confirma a sua corporeidade. Os Apóstolos não conseguiam acreditar que era o mesmo Senhor, em sua vida de Deus, presente no meio deles. Mas era justamente essa vida que Ele desejava transmitir a eles e à humanidade inteira. Por isso, após render graças, Ele lhes fala do começo de um novo tempo, vivido na comunhão com Ele, expressão de sua bondade e misericórdia. Diante dessa cena. S. Atanásio reconhece que “Verbo se fez ‘portador da carne’ para que os homens pudessem tornar-se ‘portadores do Espírito’”.  Jesus é o “lugar” em que o homem se eleva a Deus, de modo que ele participa, desde já, da vida de Deus.  
A Ressurreição não o tornou diferente do que Ele era antes. Mas revelou-nos o que ele sempre foi: presença radiosa e fonte da ação do Espírito divino na nossa vida. A vida imortal não é estranha aos que o seguem, pois estes já “resplandecem como o sol no reino de seu Pai”. (13,43). Na Encarnação fomos inseridos nele, na Ressurreição fomos introduzidos em sua glória e imersos num oceano de luz e de silêncio. Com S. Paulo proclamamos: “Assim como em nós carregamos a imagem do homem terrestre, carreguemos, igualmente, em nós a imagem do homem celeste” (1Cor 15, 49).


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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