Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 08 de Abril
Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 08
de Abril
Jo 8, 21-30: Origens de Jesus
Diante das
restrições de Jesus sobre sua origem, a imaginação dos que o acompanham corre à
solta. A pergunta não é “donde vem Jesus”, mas “para onde ele vai”. Alguns
julgam que ele iria à diáspora, outros que iria se matar. A resposta de Jesus
ecoa de modo áspero e duro para seus adversários. É-lhes impedido não só de
chegar aonde ele irá, mas “morrerão no seu pecado”. Ao se referir ao pecado, no
singular, ele significa o fato de eles se fecharem à luz divina porque, embora eles
festejassem o dia da Reconciliação, o Yom Kippur, não tinham acolhido o Filho
que lhes oferecia a suavidade do perdão e do amor.
O impedimento
não é de lugar ou de localização, não se refere a uma esfera superior e outra
inferior, o mundo de baixo e o outro de cima. É um estado espiritual. Pertença
a um mundo novo, onde impera a majestade e a glória de Deus, realidade
absoluta, superando tudo.
Ao repetir que
eles vão morrer no seu pecado, Jesus lança mais um apelo à conversão. Revela
Deus como o Pai dos céus, como o Distante e o Próximo, como o Altíssimo e o
Compassivo para que se convertam e não percam o que mais desejavam: a
reconciliação com Deus. A soberania de Deus, cultuada no Antigo Testamento e no
Judaísmo, leva Jesus a se referir por três vezes ao texto do Deuteronômio
(32,39), mas aplicando a si mesmo o “eu sou” de Javé, descrito como o “primeiro
e último”, o Deus eterno, único e Salvador.
Ao dizer “eu sou”, Jesus lembra que
Deus intervém na história dos homens, agora, de modo todo especial, com a sua
presença entre nós. Ele se atribui o caráter de transcendência, também conferido
a Ele pelos Apóstolos, ao andar sobre as águas, no mar da Galileia, ou pelo
povo, ao realizar os milagres, principalmente, ao perdoar os pecados. S.
Agostinho proclama: “Tu, sendo homem, quiseste ser Deus, para tua perdição;
Ele, sendo Deus, quis ser homem para encontrar o que estava perdido. Tanto te
oprimia a soberba humana, que só a humildade divina te podia levantar”.
Jesus, o Filho do Homem, reconcilia a
humanidade com Deus e instaura a vitória sobre os poderes do mal e do pecado. E
quando for elevado na cruz, enaltecido, diz Ele, “atrairei todos a mim e então
sabereis que ‘eu sou’”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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