Reflexão do Evangelho de Domingo 06 de Abril e Segunda-feira 07 de Abril
Reflexão do Evangelho de Domingo 06 de Abril e Segunda-feira 07 de
Abril
Jo 11, 19-27: Ressurreição de Lázaro
Nenhuma obra
humana carece totalmente da luz de Deus, pois nas trevas e na culpa do homem um
raio da luz divina não deixa de resplandecer. Por isso, aquele que aceitou a
mensagem cristã não vaga mais, de uma para outra parte, movido pela incerteza e
insegurança, porque no seu coração ele já entrevê, para além do mistério, o
vulto do Invisível. Embora muitos prefiram as trevas à luz, a vinda de Cristo
não é estranha ao mundo, pois em cada ser humano brilham centelhas de sua luz,
causa de tudo quanto existe de bom, justo e verdadeiro, em todas as culturas e
povos. A esse propósito, S. Justino afirma a presença da semente do Logos,
existente em cada um de nós, caminho que nos guia para o encontro com Cristo,
“o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira” (Ap 3,14). E, em Cristo, vencedor da
morte, o cristão reconhece a ressureição como a última palavra e, banindo o
medo e o horror da solidão, ele experimenta a beleza e a alegria da comunhão espiritual.
Eis que Jesus
toma conhecimento da morte de seu amigo Lázaro e, voltando-nos para os
Apóstolos, diz: “Vamos lá”! O itinerário de Jesus é esperança, é vida nova. Ao
chegar a Betânia, Ele depara-se com a tensão existente no ambiente, o drama
pulsando no coração de Marta e Maria. Mas, após algumas palavras delicadas e
esperançosas ditas a Marta, Ele quer reanimá-la e conduzi-la à plenitude da fé,
ainda imperfeita. Diante das palavras de
Jesus: “Teu irmão ressuscitará”, no primeiro momento, ela faz uma profissão de
fé: “Sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia!” Indubitavelmente,
ela crê que seu irmão ressuscitará no último dia, segundo o pensamento judaico
a partir das perseguições aos Macabeus. Mas o Mestre vai além, pois a fé na
ressureição resulta da graça por excelência, em que Deus se faz reconhecer em
seu poder e em seu agir. Crer nela é acolher o segredo da verdadeira e
interminável vida de Deus, como afirma S. João Crisóstomo: “Jesus vê a morte
não como um fim, mas como a porta de entrada de toda a humanidade na glória de
Deus”.
Guiada pela
fé, Marta cede ao impulso da ação divina e contempla a luz de Deus, que a invade
com a presença radiosa de Jesus, e reconhece ser Ele aquele que resgata o
pecador e abole a morte. Sua declaração de fé significa que, na ressureição final,
todos os que lá se encontrarem jamais estiveram realmente mortos. Lázaro
simplesmente retornou à vida, participada por ele no tempo presente, sinal da
vida nova que todos teremos na ressurreição final, quando, definitivamente, ouviremos
a voz do Senhor: “Lázaro, vem para fora!” Que todos ouçam, exclama S. Agostinho,
“a voz do Senhor, ouvida por Lázaro, através da pedra: que sua voz penetre nos
corações de pedra!” Ao chorar, Jesus manifesta sua natureza humana, assumindo nossas
lágrimas e dores, e, em sua natureza divina, Ele age, ressuscitando Lázaro e dizendo
a nós: “‘Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que morra,
viverá”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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