Reflexão do Evangelho de Sábado 19 de Abril e Domingo 20 de Abril
Reflexão do Evangelho de Sábado 19 de Abril e Domingo 20 de Abril
Mt 28, 1-10 e Jo 20, 1-9: Ressurreição
do Senhor
Entre os Apóstolos e discípulos do Mestre
reinava o desalento. Teria sido Ele abandonado por Deus? Por que, tão jovem e
portador de esperança para tantas pessoas, teria Ele sido submetido a uma morte
tão desonrosa? Alguns deles, desiludidos, deixavam a cidade de Jerusalém,
retornando às suas vilas. Seria Ele de fato o Messias esperado? O que fazer? A
derrota era irremediável, seus sonhos de glória caíam por terra e um profundo
amargor buscava dominar seus corações.
Eis que no primeiro
dia da semana, bem cedo, Maria Madalena vai ao túmulo de Jesus. O sol não tinha
ainda raiado. Mas sua luz bruxuleante permitia-lhes notar que algo tinha
acontecido: a pedra tinha sido removida. Ela e as mulheres, que a acompanhavam,
buscam ver dentro do sepulcro e notam que ele estava vazio. Admirada, talvez
assustada, Maria corre até Simão Pedro e ao outro discípulo, que céleres se dirigem
ao túmulo. João vai mais rápido, por causa de sua juventude, também, segundo alguns
S. Padres, “pelo zelo de seu amor”. Eles fariam a verificação “oficial” do
túmulo vazio. João chegou ao sepulcro por primeiro. Como as mulheres, ele olhou
para dentro do sepulcro, mas não entrou. Espera por Pedro, sinal de notável
deferência, sinal de reconhecimento do primado do Apóstolo Pedro. Este ao
chegar, levado por seu temperamento impetuoso, entra imediatamente, “vê os
panos de linho por terra e o sudário que cobrira a cabeça de Jesus”.
“Então, entrou também o outro discípulo
que chegara primeiro ao sepulcro: e viu e creu”. A Pedro, cabe a precedência, a João, o
discípulo amado, a fé. É o despontar da fé na ressurreição do Senhor, não como
simples retomada da vida anterior, assim foi a de Lázaro, mas como a entrada
definitiva do Senhor na Vida, onde a morte não encontra lugar. Diante das
palavras de Jesus ressuscitado: “Sou eu mesmo”, as dúvidas dos Apóstolos desaparecem,
mas também pelo fato de eles estarem reunidos e Ele, aparecendo, pede-lhes do
que comer, e a Tomé Ele manda tocar as chagas de suas mãos e de seu peito. A fé
não é fruto de sensações subjetivas, pois perante os Apóstolos está Jesus ressuscitado,
que os conduz ao reconhecimento de sua forma mais elevada de existência. Ele
aparecia e desaparecia de modo repentino, algumas vezes estando eles reunidos com
as portas fechadas. Admirados, contemplavam sua corporeidade transfigurada,
melhor, contemplavam-no em sua realidade divina. Não mais sujeita aos limites e
barreiras da natureza humana.
Também nós, felizes
e admirados, louvamos essa sua presença, pois o que não é possível a Deus, a
morte, foi ela assumida por Cristo, o Filho de Deus e o que não é possível a
nós, a vida eterna, foi-nos concedida por Cristo em sua Ressurreição. Proclama
S. João Crisóstomo: “Ninguém se aflija com a própria nulidade, porque se
estabeleceu um reino aberto a todos. Ninguém chore pelos próprios pecados,
porque o perdão emergiu do túmulo. Ninguém mais tenha medo da morte, porque
dela nos livrou a morte do Salvador: prisioneiro da morte, Ele a sufocou, tendo
descido aos infernos, submeteu os infernos. Morte, onde está o teu aguilhão?
Infernos, onde está a vossa vitória? Cristo ressuscitou, e vós estais revoltos;
Cristo ressuscitou, e os demônios estão aniquilados, Cristo ressuscitou, e os
anjos rejubilam; Cristo ressuscitou, e a vida está coroada”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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