Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 10 de Abril

Reflexão do Evangelho de Quinta-feira – 10 de Abril
Jo 8, 51-59: Antes que Abraão fosse, eu sou

         Após dizer ser a luz e a verdade, Jesus anuncia ser a vida, vida nova para a salvação de todos. Refere-se à morte espiritual, que primeiramente atinge a alma, mas não exclui o corpo da ressurreição final, pois “o homem, escreve Orígenes, é por natureza um templo de Deus, criado para acolher em si a glória de Deus”. S. Irineu se pergunta: “Como poderia o homem ser libertado do seu nascimento de morte se não fosse regenerado na fé com um novo nascimento, dado generosamente pelo Senhor?” Mas os ouvintes de Jesus, escravos da incredulidade, distorcem suas palavras e as interpretam como se significassem, simplesmente, a ausência da morte corporal.
Pasmo, desprezo! Os adversários não o entendem e, então, lhe perguntam: “Quem pretendes ser?” O duplo “amém”, no início de sua resposta, confere um tom solene à afirmação: “Se alguém guarda a minha palavra jamais verá a morte”.  Ele não conhecerá a morte, a morte eterna. O sentido conferido por Jesus à sua declaração, ao invés de tranquilizá-los, tornou-os ainda mais perplexos, levando-os a se interrogarem: como pode ele prometer que quem nele acredita não vai morrer? Porventura, “é maior que nosso pai Abraão?”
         Sereno, Jesus nada espera deles, sua glória lhe é concedida pelo Pai. E Ele o conhece. Se dissesse o contrário, seria igual a eles: um mentiroso. Por isso, com destemor e simplicidade, proclama: “Vosso pai Abraão rejubilou-se por ver o meu dia; e ele viu e alegrou-se”.
Fustigados e aguilhoados, seus adversários lhe perguntam: “Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?”. Jesus não retrocede e, com clareza, declara: “Antes que Abraão viesse a existir, eu sou”. Na mente deles, soam as palavras de Deus ditas a Moisés, junto à sarça ardente. É a frase com que Deus se dá a conhecer: “Eu sou aquele que sou” (Ex. 3,14).  Não há mais nada a dizer. Jesus é a Palavra de Deus em pessoa, é a presença de Deus. A morada de Deus (schekinah), doravante, repousa sobre o “homem” Jesus, no qual a Palavra se encarnou.   
Desde já se aceita ou se rejeita ser ele o Messias, o Filho de Deus. Aos que o aceitam, seus seguidores, ele exige adesão total e irrevogável. Eles hão de experimentar a força de sua misericórdia e de seu amor. Aos adversários, resta-lhes a exclamação: “Ele blasfema!”


Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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