Reflexão do Evangelho de Domingo – 27 de Abril - Jo 20, 19-31: Aparição de Jesus ao Apóstolo Tomé
Reflexão do Evangelho de Domingo – 27
de Abril
Jo 20, 19-31: Aparição de Jesus ao
Apóstolo Tomé
Tornou-se
proverbial a cena do Tomé incrédulo, que dizia: “Se eu não vir em suas mãos o
lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não acreditarei”. Em outras ocasiões,
os Apóstolos tinham sentido em Jesus a proximidade de Deus, presença que os
abalou profundamente. Pedro, após a pesca milagrosa, cai de joelhos e lhe dá o
título de Kyrios, Senhor, designação divina, que substituía o nome sacrossanto
de Deus. O mesmo acontece na tarde daquele “dia, o primeiro da semana”, quando
estavam os Apóstolos reunidos em Jerusalém. Fecharam bem as portas, pois o medo
das perseguições ainda era forte. De repente, ouviram uma voz que bem
conheciam: “A paz esteja convosco”. É o Senhor! Ele lá estava, uma vez mais, no
meio deles, estando presente Tomé.
Voltando-se
para Tomé, o Mestre lhe propõe: “Põe o teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende
a tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas acredita”.
No entanto,
tais palavras não significam, de modo algum, que Tomé tenha sido menos fiel e menos
ligado ao Senhor que os demais Apóstolos. Ao contrário, ao subir a Jerusalém, ele
não hesita em querer seguir Cristo até à morte. Com veemência, ele assegura:
“Vamos também nós, para morrermos com ele!” (Jo 11,16). Se ele não crê, de
imediato, não é porque não deseja. Basta notar sua reação instantânea, tão logo
ele se reencontre com o seu “Senhor”. Prostrando-se, ele profere uma das belas
profissões de fé do Novo Testamento: “Meu Senhor e meu Deus!” Exclama S.
Agostinho: “Tomé via e tocava o homem, mas confessava a sua fé em Deus, a quem
não via nem tocava. Mas o que via e tocava o induzia a crer naquilo de que até
agora havia duvidado”.
Restabelece-se
a prioridade do crer sobre o ver. Inicialmente, Jesus sugere-lhe uma
verificação sensível, para dizer, em seguida, fortalecendo a sua fé: “Não sejas
incrédulo, mas acredita!” O olhar de Jesus se torna distante, atravessa
os tempos, e chega até nós. Fixando-nos, ele diz: “Felizes os que crerão sem
ter visto”, pois dali em diante o Mestre estaria ao alcance de todos os que
fossem ao seu encontro com confiança. A fé se inscreve no íntimo de nosso ser
como desejo ardente, que nos impele a descobrir a verdade de nossa vida em Deus.
Só nele existimos e somos. Tomé nos ensinou a reconhecer, em Cristo
ressuscitado, a fé, caminho para se chegar ao conhecimento de Deus como Deus.
O fato de Jesus “vir” revela sua
solicitude e misericórdia pelos Apóstolos e, mais amplamente, por todos os seus
discípulos. Com S. Tomé, dizemos: “Meu Senhor e meu Deus!”. Títulos
propriamente divinos. Declarar Jesus, Senhor e Deus, é admitir a superioridade
do crer sobre o ver. Mais do que pela sua face, Jesus é reconhecido pelas suas
chagas, pelo quanto Ele nos amou. Por isso, conclui o Evangelista S. João:
“Estes sinais foram escritos para crerdes que Jesus é o Messias, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (20, 31).
Dom Fernando Antônio Figueiredo,
OFM
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