Reflexão do Evangelho - Domingo, 20 de novembro
Reflexão do
Evangelho
Domingo, 20 de
novembro
Lc 23,35-43 -
Cristo Rei do Universo
O anjo Gabriel saúda Maria: “Ave, cheia de
graça” (ke-karitwméne). Jesus é a plenitude da graça, o que permite à liturgia
antiga denominar Maria como a Mãe do Belo amor. Ele é o fascínio da perfeição
do amor, que impregna sua mãe, tornando-a cheia de graça.
Desde o primeiro instante de sua vida,
ressoa a resposta de Jesus à questão colocada por Pilatos: não o fato de ser o
Cristo, o Filho do Homem ou o Filho de Deus, mas o de sua “Realeza” – “Tu és
Rei? ”. Antes, o Sinédrio o tinha condenado por ter blasfemado ao dizer ser o
Filho de Deus, crime para o qual se previa a pena de morte, que, no entanto, só
podia ser decretada pelos romanos. Justamente por essa razão, para que o
levassem à morte, o sumo sacerdote declara a Pilatos ter Ele reivindicado a
realeza messiânica.
Com efeito, durante sua vida pública, os
que o seguiam, tocados pelos seus ensinamentos e milagres, tinham desejado
coroá-lo rei, o que foi claramente rejeitado por Ele. Apesar disso, seus
inimigos, distorcendo a realidade, aproveitam daquele fato para acusá-lo de
estar insuflando revolta e rebeldia. Se para o povo, o título de rei
significava a restauração do reino de Israel, para Pilatos soava como uma
pretensão temporal, que o tornaria rival do poder de Roma, por ele
representado. S. Efrém comenta que “as palavras de seus caluniadores eram como
uma coroa redentora em sua cabeça. Seu silêncio era tal que, calando-se, os
clamores de seus inimigos tornaram mais formosa a sua coroa”.
Por isso,
diante da pergunta de Pilatos, Jesus responde: “Tu o dizes: eu sou rei. Para
isto nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da
verdade ouve a minha voz”. Longe de ser
rei de Israel ou rival de César, Ele é o rei, invisível e, igualmente, visível,
do universo todo inteiro, sem ter necessidade de ser confirmado por alguém. O
seu reino não dispõe de armas e não usa de violência: trata-se do Povo de Deus
que participa da eleição e da esperança de Israel e que é lançado numa vida
errante em demanda da Terra Prometida, a salvação escatológica. Ele, o Messias
salvador, é o Deus de um perpétuo êxodo. Nele, a história da humanidade
torna-se uma história santa. A propósito, Santo Agostinho nota que o letreiro
no alto da cruz estava escrito “em três línguas: hebreu, grego e latim, para
indicar que Ele iria reinar não só sobre os judeus, mas também sobre os
gentios”, ou seja, sobre todos os povos.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário