Reflexão do Evangelho - Quinta-feira, 24 de novembro
Reflexão
do Evangelho
Quinta-feira,
24 de novembro
Lc
21, 20-28 – Jerusalém cercada, a desolação.
Um
raio de sol, último reflexo do crepúsculo, beijava o pináculo do
Templo. O olhar pensativo de Jesus despertava temores no coração
apertado dos Apóstolos, que avistavam, ao longe, os guardas de
Pilatos, protegendo os inúmeros peregrinos, que chegavam para as
festas. As palavras do Mestre adquiriam um colorido diferente e mil
temores os assaltavam. Ele predizia a destruição de Jerusalém:
“Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei que está
próxima a sua desolação”. O termo desolação, em grego
erémwsis, sugere um lugar deserto, em que as pessoas se
sentem abandonadas e sós, ou, em sentido religioso, o esquecimento
da Aliança com Deus e a ausência de afeição às realidades
divinas.
Só
mais tarde, os Apóstolos compreenderão que o Mestre alude não
apenas à sua paixão e morte, mas também à verdadeira natureza do
ser humano, que, em sua realidade profunda, não se realiza sem Deus.
Por consequência, na ressurreição de Jesus, eles superam a visão
desoladora do mundo e contemplam, para além da realidade perecível:
a beleza, a sabedoria e a grandeza da vida nova em Deus, manifestada
plenamente no Ressuscitado. A partir de então, no seguimento do
Mestre, sem perder a identidade pessoal, eles já percebem se
manifestando neles o corpo transfigurado, fruto do amor
misericordioso do Senhor, no qual eles foram incluídos, desde que o
Filho de Deus assumiu a nossa humanidade e nasceu de Maria.
O
desenvolvimento “natural” do homem não se realiza
independentemente de sua relação com Deus: a comunhão com Ele
permite-lhe participar da vida eterna, realidade não simplesmente
futura, mas parte integrante de seu destino humano. O Apóstolo S.
Paulo proclama que Cristo ressuscitado está conosco “todos os dias
até a plenitude dos tempos”, quando então estabelecerá a vitória
definitiva sobre a morte, tornando-nos imortais. Cada qual, no termo
da vida terrestre, imerso no infinito horizonte do amor divino,
alcançará sua total realização, e a ação divina se concretizará
definitivamente, pois, ao criar o homem, Deus lhe comunicou, no dizer
de S. Máximo, “o ser, a eternidade, a bondade e a sabedoria”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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