Reflexão do Evangelho - Terça-feira, 29 de novembro
Reflexão
do Evangelho
Terça-feira,
29 de novembro
Lc
10,21-24 - Evangelho revelado aos simples
Como relatam os Evangelhos, formando um
grupo itinerante, os discípulos de Jesus experimentam cada dia Deus como um Pai
que os guarda e cuida de suas necessidades cotidianas. Embora a experiência de
Deus como Pai não fosse desconhecida, Israel não a empregava habitualmente em
suas orações. Mesmo assim, a oração do Pai-Nosso não deixa de ficar
profundamente gravada na memória dos discípulos, o que revela evidentemente a
lembrança que eles tinham da atitude do Mestre em relação a Deus: modo
confiante, simples e espontâneo, que permaneceu bem presente no coração deles.
Torna-se, então, a prece central da comunidade cristã, que, segundo a Didaqué,
pequeno catecismo escrito entre os anos 60 e 80, devia ser recitado três vezes
ao dia.
Após
render graças ao Pai, que “escondeu estas coisas aos sábios e inteligentes e as
revelou aos pequeninos”, Jesus declara que “ninguém conhece quem é o Filho
senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser
revelar”. Em seu sentido bíblico, o verbo conhecer exprime união interior tanto
no pensar como no querer entre aquele que conhece e aquele que é conhecido, o
que nos permite reconhecer a intimidade, a comunhão total e perfeita de Jesus
com o Pai, fonte de vida para os membros da comunidade.
Este conhecimento do Pai é transmitido por
Jesus a quem lhe apraz. Não de modo arbitrário, mas aos que se dispõem
interiormente, pois a união com o Pai não se realiza independentemente da
cooperação do homem. Apesar de se falar da proximidade pessoal de um Deus, que
habita no meio do seu povo, os escribas e fariseus se prendiam a uma
multiplicidade de prescrições e normas, que os levava a não entenderem as
palavras de Jesus; em seu orgulho intelectual e frieza de coração, fechavam-se
para as coisas de Deus e de seu Reino. Ao invés, esses segredos são revelados
por Ele aos pequenos e humildes, que, na simplicidade, abrem seus corações a
Deus e à sua vontade. Neles, cumpre-se a Bem-aventurança, na qual Jesus
proclama felizes os puros de coração porque eles verão a Deus.
Por
conseguinte, ao ouvirem e acolherem as palavras de Jesus, os simples e pequenos
são introduzidos na intimidade da vida de comunhão do Pai com o Filho, pois, no
dizer de São Gregório de Nazianzo, “o Senhor se faz pobre; suporta a pobreza de
minha carne para que eu alcance os tesouros de sua divindade. Ele tudo tem, de
tudo se despoja; por um breve tempo se despoja mesmo de sua glória para que eu
possa participar de sua plenitude”. Eis a maior riqueza comunicada ao ser
humano pelo amor transbordante de Jesus: fazer parte da vida íntima do Pai,
sendo misericordioso como Ele é misericordioso.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
DEUS lhe ilumine e lhe abençoe. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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