Reflexão do Evangelho - Terça-feira, 22 de novembro e quarta-feira, 23 de novembro
Reflexão
do Evangelho
Terça-feira,
22 de novembro e quarta-feira, 23 de novembro
Lc
21, 5-19 - A ruína de Jerusalém e o fim dos tempos
Nos três Evangelhos Sinóticos, Mateus,
Marcos e Lucas, os sinais precursores do fim do mundo são idênticos, pois, como
observa S. Agostinho, “todos os três referem-se à resposta dada pelo Senhor aos
discípulos que lhe perguntavam quando aconteceria a destruição do Templo por
Ele predita e qual seria o sinal da sua segunda vinda, o fim do mundo”. As
palavras de Jesus induzem a pensar em um longo tempo que precede à sua vinda
gloriosa, e indicam que os sinais se sucederão ao longo da vida cristã ou, na
expressão do santo de Hipona, “eles não cessarão de vir até o fim do mundo”.
O
mesmo vale para a vinda gloriosa do Senhor. O encontro com Ele não se dará
apenas no final dos tempos. Estende-se por toda a vida do cristão, num processo
contínuo de assimilação, que não implica eliminação do humano, mas sim o seu
aperfeiçoamento. Santidade é plenitude de vida. Nesse sentido, é impensável
considerar a segunda vinda do Senhor ou o fim dos tempos como uma realidade
trágica e temerosa; ela será manifestação do supremo amor, que reúne todas as
criaturas, em suas características próprias.
Desde agora, o discípulo participa das
realidades divinas, configurando-se sempre mais a Cristo. O fim dos tempos será
seu ingresso definitivo no eterno de Deus. Pois o transcendente e o
sobrenatural não lhe são estranhos; presentes nele, eles constituem o coração
de sua vida, o que lhe permite reencontrar Deus nos traços de sua face, de sua consciência
e do seu coração. A propósito, diz S. Agostinho: “Recriados por Ele, e
aperfeiçoados por uma graça mais abundante, veremos, naquele repouso eterno,
que Ele é Deus, que nos plenifica, pois será tudo em todos”. Teilhard de
Chardin diz por sua vez: “Como um raio, como um incêndio, como um dilúvio, a
atração do Filho do homem agarrará, para reuni-los ou para submetê-los ao seu
corpo, todos os elementos que gravitam no universo”.
Embora
não seja possível prever o fim dos tempos, uma certeza se nos impõe: Cristo é o
fundamento e o sentido do homem e do mundo. Se assim não fosse, tudo terminaria
no vazio, envolto na noite silenciosa da destruição. Porém, para nosso gáudio,
ouviremos naquele dia a voz tranquila e amorosa do Senhor, chamando-nos à
plenitude do amor: é a vinda gloriosa do filho do Homem, presença da infinita misericórdia
de Deus. Momento não de temor, mas tempo privilegiado de união com Deus, que é “tudo
em todos” e “todo em tudo”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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