Reflexão do Evangelho do dia 01 de Agosto de 2013


Quinta-feira – 01 de agosto

Mt 13, 47-53: A parábola da rede

 

          Jesus fala do julgamento e menciona ser ele o juiz escatológico a quem cabe a separação definitiva dos homens: uns para a salvação, na feliz eternidade do Reino de Deus “país dos vivos”, outros para a condenação. Seu objetivo não é descrever sistemas apocalípticos, mas, graças à descrição do futuro, realçar a importância de se viver bem no momento presente. Nesse sentido, ele conta a parábola da rede, imagem bastante familiar aos Apóstolos, pescadores do mar da Galileia.  A rede, lançada no meio do lago, colhe indistintamente todo tipo de peixes. S. Hilário de Poitiers lembra que “a rede, jogada no mar, alcança a profundez de suas águas, recolhendo tudo quanto é possível”. S. Gregório Magno alude à “rede da fé que igualmente recolhe peixes bons e maus”. Aliás, a própria parábola realça o fato de nada escapar ou permanecer fora da rede. A separação, porém, não ocorre imediatamente. A parábola exorta a se ter paciência, pois o tempo de separar bons e maus só chegará à hora fixada por Deus.

          Para S. Agostinho o Reino de Deus é a Igreja, que, no tempo presente, reúne bons e maus, santos e pecadores. Todos são exortados a orientar-se segundo a mensagem do Senhor, Rei de justiça e de paz. Se o homem é um microcosmo, a Igreja, que abrange todos os homens, é um “macroánthropos”, cuja missão é introduzi-los na comunhão da vida divina.

          A parábola da rede, como a do joio, traduz um sugestivo paralelismo através das palavras: separação, recolhimento do bom grão ou dos bons peixes e rejeição do joio ou dos que não prestam, no fim dos tempos. E ambas terminam com uma alternativa, expressa na pergunta de Jesus: “Entendestes todas essas coisas?” Por responderem positivamente, os Apóstolos são considerados por Jesus como um “pai de família que do seu tesouro tira coisas novas e velhas”. S. Irineu observa que as coisas velhas são as verdades reveladas na Lei e as coisas novas são as Palavras de Jesus no Evangelho, que “nos concedem a liberdade de uma ‘vida nova’ e multiplicam a graça proveniente de Deus”. Através dos Apóstolos, o apelo do Senhor chega a todos, em todos os tempos, e quem o acolhe sente-se, como a sarça ardente de Moisés, abrasado pelo amor de Deus, sem se consumir. E com confiança aguarda a hora do recolhimento do bom grão ou dos bons peixes.

 

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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