Reflexão do Evangelho do dia 17 de Julho de 2013
Quarta-feira - 17 de julho
Mt 11, 25-27 - Evangelho revelado aos
simples
“Pôs-se Jesus a dizer: ‘Eu te louvo, ó
Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e
doutores e as revelastes aos pequeninos’”. Os termos “céu e terra” designam,
segundo S. Agostinho, toda a criação. Certamente, o orgulho intelectual, frieza
de coração e o fanatismo fecham o homem para as coisas de Deus e de seu Reino.
O orgulho, aliás, é a raiz de todos os vícios e exerce grande influência sobre
nós, impelindo-nos ao pecado. Jesus contrasta o orgulho com a atitude de uma
criança em sua simplicidade e humildade. O simples de coração vê sem
pretensões, reconhece sua dependência de Deus e nele confia. As vocações de
Davi e de Jeremias são dois exemplos, entre tantos outros, da predileção de
Deus pelos pequenos e simples ou, ainda, dos que normalmente estavam excluídos
dos planos de Deus e dos desígnios divinos a respeito do Povo eleito. Se Deus
se opõe aos orgulhosos, aos humildes ele confere a sua graça.
Por isso, Jesus rende graças ao Pai,
pois os simples não se sentem obrigados ou forçados, mas assumem as palavras do
Mestre na autonomia de sua liberdade. Diz Jesus: “Escondeste estas coisas aos
sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos”. E, mais adiante,
acrescenta: “Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão
o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. O verbo conhecer, em seu
sentido bíblico, exprime comunhão tanto no pensar como no querer. A filiação de
Jesus não é simples título, mas intimidade, comunhão total e perfeita com o
Pai.
Portanto, graças à simplicidade Jesus os introduz na intimidade de Deus.
Exclama S. Gregório de Nazianzo: “O Senhor se faz pobre; suporta a pobreza de
minha carne para que eu alcance os tesouros de sua divindade. Ele tudo tem, de
tudo se despoja; por um breve tempo se despoja mesmo de sua glória para que eu
possa participar de sua plenitude”. A maior riqueza comunicada por Jesus à
humanidade é fazer parte da vida íntima do Pai. Então, o simples alcança a
natureza divina pura, sem mistura, e experimenta o amor desmedido, vital, com o
qual Deus ama. S. Teresinha do Menino Jesus dirá: “Compreendi que a Igreja tem
um coração e este coração está inflamado de amor. Extinto este, os Apóstolos
não mais anunciariam o Evangelho, os mártires não mais derramariam o sangue.
Percebi e reconheci que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é
tudo, abraça todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno”. Ao simples
o Filho revela o Pai. Mestre Eckhart
diria que o simples sai do seu modo limitado de criatura e, tornando-se livre e
vazio, ignora que Deus opera nele. Ele vive a parrehêsia, a amizade confiante
com Deus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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