Reflexão do Evangelho do dia 24 de Julho de 2013
Quarta-feira – 24 de julho
Mt 13, 1-9 - Parábola do semeador
Na
introdução à parábola do semeador, o evangelista fala-nos que Jesus “saindo de
casa, sentou-se junto ao mar”. Ele deseja levar os leitores à compreensão de
que Jesus, enviado pelo Pai, saiu de junto de Deus para vir ao mundo. As
primeiras palavras da parábola nos sugerem uma ideia semelhante: “Saiu o
semeador a semear”. Referem-se a Jesus, o Filho de Deus, que vai à multidão e,
no dizer de S. João Crisóstomo, “torna-se mais próximo a nós pela sua
Encarnação”. A semente lançada em terra
é ele mesmo que, mediante sua palavra, busca penetrar cada coração e aí criar
raízes e dar frutos. S. Cirilo de Alexandria assevera que “Jesus é o verdadeiro
Semeador”. Tudo o que há de bom, ele “comunica a nós, terra boa, que produz frutos
espirituais”.
Delineia-se
a aventura da semente caindo no terreno dos corações humanos. A parábola
alcança, então, sua intenção principal: salientar o destino da semente.
Proveniente do alto, ela germina de acordo com a qualidade de cada terreno. Com
efeito, “uma parte foi lançada à beira do caminho”, terreno “pisado pelos pés
de todos”. Escreve S. Cirilo de Jerusalém: “Grão pronto a ser levado pelos
pássaros, que são os espíritos imundos”. Outra parte das sementes “foi semeada
em lugares pedregosos”. “Não é capaz de criar raízes e logo sucumbe, face à
tribulação ou à perseguição por causa da Palavra”. Significa ter uma fé
superficial. S. Cirilo volta a dizer: “Não há aprofundamento do mistério e sua
piedade é evanescente e sem raiz. Eles são fracos no espírito”. Diz, ainda, a
parábola: “outra parte cai entre os espinhos”. S. Jerônimo comenta: “Os
espinhos representam os corações dos que se tornam escravos dos prazeres e dos
cuidados deste mundo. Sufocam a Palavra de Deus e fragilizam a robustez da
virtude”.
Se alguns grãos não têm sucesso, tal
fato é superado pelo número vertiginoso do tríplice rendimento do grão que
encontra terra boa. Ela produz “fruto à razão de cem, sessenta e trinta por
um”. De fato, a luz divina, ainda que vislumbrada através de uma estreita
fresta, dilata prodigiosamente a alma. Ela se transforma e, purificada, irradia
justiça, paz e alegria espirituais. Ela produz frutos em abundância. Então,
escreve S. Vicente de Paulo, “à luz da fé percebereis que os pobres estão no
lugar do Filho de Deus que escolheu ser pobre. Tereis os mesmos sentimentos de
Cristo e imitareis aquilo que ele fez; ter cuidado pelos indigentes,
consolá-los, auxiliá-los, dar-lhes valor”.
Na
conclusão, diz Jesus: “Quem tem ouvidos, ouça”. Forte, solene e conciso apelo.
O terreno corresponde à disposição interior do coração humano. Depende da
acolhida dada à sua Palavra. A responsabilidade cabe a cada pessoa em sua
liberdade. S. João Crisóstomo destaca que “não tem culpa, nem o lavrador, nem a
semente, mas a terra que a recebe, e mesmo assim não por causa da natureza, mas
por força da intenção e da disposição”. S. Basílio Magno pergunta-se: “Como
compreender as palavras de Jesus: ‘Quem tem ouvidos para entender, entenda’”?
Continua ele: “É evidente que alguns possuem ouvidos melhores e melhor podem
entender as palavras de Deus. Mas o que dizer dos que não têm tais ouvidos? ‘Surdos,
ouvi, e vós cegos, vede’ (Isaías 42,18). Expressões todas elas usadas em
relação ao homem interior”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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