Reflexão do Evangelho do dia 27 de Julho de 2013
Sábado, 27 de julho
Mt 13, 24-30: Semente boa e má
Na parábola sobre o joio, Jesus
utiliza imagens extraídas do mundo rural. Fala de uma plantação e de sua
colheita. A colheita pode ser prejudicada e mesmo destruída caso não sejam
separados os bons dos maus frutos. Deve-se, no entanto, esperar o tempo
oportuno. Se o fizer muito cedo, poderá matar, no processo, as plantas boas. O
agricultor deverá ser paciente e aguardar o crescimento de ambas. Só então
poderá separá-las.
De uma maneira tão singela, Jesus
indica a infinita paciência de Deus, que semeou, em nossos corações, a boa
semente, podendo, no entanto, ser ela prejudicada pela força negativa do pecado
e do mal. S. Agostinho observa que “no
campo do Senhor, isto é na Igreja, quem era trigo por vezes se transforma em
erva daninha e os que eram erva daninha se transformam em trigo. Daí ter sido
reservada a separação aos anjos. Mais exatamente. A separação cabe ao pai de
família, que conhece todos, e sabe aguardar o tempo da separação”.
O homem, rico de valor, não é um puro
símbolo ou uma simples aparência do Deus infinito. Criado à imagem e semelhança
de Deus, ele tem um rosto, uma grandeza e um desejo de ser, na sua relativa
autonomia. Daí a afirmação de que “a graça não destrói a natureza, mas supõe a
natureza e a aperfeiçoa”. Caráter perfectível que realça, no dizer de S. Justino,
a luz divina, presente no ser humano, orientando-o a caminhar para o homem integral,
sem abdicar de si a humanidade.
A semente do mal, presente no coração
do homem, é considerada como um estado (hecsis) ou um modo de ser, não
possuindo uma natureza (physis) própria. Nesse sentido, Diadoco fala que “a
natureza do bem é mais forte que o hábito do mal, pois o bem é, enquanto o mal
não é ou, melhor dito, ele só existe no momento em que se efetiva”. S. Gregório
de Nissa dirá que “o pecado é uma enfermidade da vontade, que se equivoca
tomando por bem a ilusão (o fantasma) do bem”. Os antigos ascetas falam de duas
“paixões-mães”, uma referente à faculdade irracional que irá se expressar na
avidez, levando à cobiça e à ambição; outra referente à mente superior do homem
(nous), que o conduz ao orgulho. A avidez e o orgulho seriam a semente do mal,
característica de quem é egocêntrico, pois, na expressão de S. Máximo o
Confessor, “quem tem a “philautía” (amor egoísta) tem todas as paixões”.
Na parábola do joio, o mundo e a vida interior
de cada cristão são como um campo de luta. Mesmo que o Maligno semeie nele a
erva daninha do pecado e do mal, a vitória é de Cristo, luz de todo homem,
mesmo dos que não o conhecem, embora a pertença ao Reino não ocorra pelo
simples fato de se ter nascido de Deus, mas é necessário corresponder pela fé ao
chamado de Deus e ao seu dom. Então, a boa semente se desenvolve, dá bons
frutos e ao cristão abre-se, em seu espírito, o panorama da divina Sabedoria.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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