Reflexão do Evangelho de Lc 1, 26-38: Anunciação do Senhor (N. Senhora Rainha) - Sexta-feira 22 de Agosto
Reflexão
do Evangelho de Lc 1, 26-38: Anunciação do Senhor (N. Senhora Rainha)
Sexta-feira
22 de Agosto
O arcanjo Gabriel
anuncia a Maria que o Espírito Santo descerá sobre ela e a cobrirá com a sua
sombra, assim como a nuvem, presença de Deus, tinha descido sobre o monte Sinai.
Por isso, aquele que nascer dela será santo e chamado Filho de Deus. Com a
resposta: “Seja feita a tua vontade”, Maria acolhe em sua humanidade a ação
santificante do Espírito divino, que preside ao nascimento de Jesus. S. Justino
e S. Irineu leem esta passagem à luz do relato do Gênesis e traçam um paralelo
entre Maria e Eva, “a mãe de todos os viventes”, entre o “fiat”, o faça-se da
anunciação, e a desobediência dos primeiros pais, causa decisiva do pecado original.
Assim, diante da pergunta: “Como é que vai ser isso?”, o anjo conduz Maria à fé
e à obediência, ao contrário do anjo mau que incita Eva à desobediência e à
incredulidade.
Paralelismo
presente na Tradição antiga, também nos comentadores contemporâneos. Longe de
ser artificial, ele oferece ao acontecimento um alcance absolutamente universal,
como bem observa S. Beda: “Como Eva trouxe em seu seio toda a humanidade
condenada ao pecado, agora Maria traz o novo Adão que, com a sua graça, dará
vida a uma nova humanidade”. Aquele que nasce de Maria, um dentre nós, é capaz
de englobar todos nós, incluindo todas as possibilidades da humanidade, não
excluindo nada de cada um, a não ser o pecado. Por isso, não é ousado declarar que
Jesus só podia fazer-se homem nascendo da Virgem Maria, herdeira da História da
salvação.
Se, na origem, houve
o casal Adão e Eva, agora, no princípio da nova criação, também há uma mulher e
um homem, José, indicado como sendo “da linhagem”, “da casa de Davi”.
Cumprem-se assim as profecias e proclama-se que Jesus é o Messias esperado e
anunciado pelos profetas. E ao dizer que “o anjo Gabriel foi enviado por Deus”,
esperançosa mensagem chega até nós, pois ela procede do alto e o que em Maria
se realizou é iniciativa do Deus Altíssimo. Supremo mistério da fé cristã: O
nascido da Virgem Maria é o Messias Salvador, por sua natureza, humano e divino.
A saudação
inicial: “Ave, cheia de graça” significa ser Maria efetivamente “cumulada de
graça”, porque o que nela se realiza não provém de seus méritos, é dom divino,
fruto da suprema benevolência de Deus. Concebida sem pecado, ela torna-se Templo,
Morada (shekinah) da glória de Deus, da qual nascerá Jesus (Yoshua, que
significa “Yah é Salvador”), o Filho do Altíssimo, cujo “Reino não terá fim”.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m
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