Reflexão do Evangelho de Mt 14, 22-33 - Jesus caminha sobre as águas - Domingo 10 de Agosto
Reflexão do
Evangelho de Mt 14, 22-33 - Jesus caminha sobre as águas
Domingo 10 de Agosto
Após
despedir o povo e enviar os discípulos para a outra margem do lago, “Jesus
subiu ao monte, a fim de orar”. Retira-se para a montanha, para perto de Deus.
Silêncio e solidão. Logo após, Ele vai ao encontro de seus discípulos, que, num
barco, se dirigiam a Cafarnaum. “Na quarta vigília da noite”, nos primeiros
albores do dia, Jesus se aproxima deles “caminhando sobre o mar”. Soprava um
vento forte e impetuoso, quando eles avistam, em meio às águas encapeladas, um
vulto que se aproxima. Vendo aquilo, sentiram medo e chegaram a exclamar: “É um
fantasma!”
Assustados,
eles viam o vulto se aproximar, andando sobre as águas. Mas exatamente naquele
instante, ouviu-se uma voz serena que os tranquilizava: “Não temais, sou eu!”
Imediatamente, eles reconhecem que é o Mestre, que faz menção de passar adiante,
como o fez com os discípulos em Emaús. Provocação para despertá-los à
responsabilidade da liberdade, pois Deus é aquele que passa. Assim se deu na primeira
Páscoa do Egito ou nas grandes visões de Moisés ou de Elias, como também na sua
vinda entre os homens. “Jesus não acorre logo para salvar os discípulos,
observa S. João Crisóstomo, mas os instrui, através do temor, a afrontar os
perigos e aflições”.
A resposta do
Senhor: “não temais”, recorda a promessa a Isaías: “Não temais, pois eu estou
convosco”, isto é, “crede unicamente”. Para os Apóstolos, suas palavras são um
apelo para que eles estejam abertos interiormente à presença divina, sempre
surpreendente. Nesse sentido, ao concluir: “Sou eu”, Jesus lembra as
manifestações inauditas de Deus, conduzindo o povo de Israel no deserto, como
agora Ele o faz, acompanhando de modo inefável o seu povo à Jerusalém celeste.
Do mesmo modo que o Pai, Jesus exige dos
discípulos confiança e entrega irrestrita, atitude fundamental, graças à qual eles
participarão do seu poder, significado no fato de Ele permitir que Pedro,
representante dos Doze, caminhe sobre as águas. Caso afundem ou vacilem, não lhes faltará sua
mão misericordiosa, que os conduzirá ao barco, onde estarão em companhia do seu
Mestre e alcançarão a serenidade (apátheia) e o repouso (hesychia). “Assim que
subiram ao barco, o vento amainou”.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, o.f.m.
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