Reflexão do Evangelho de Mt 17, 1-9 - Transfiguração do Senhor - Quarta-feira 06 de Agosto
Reflexão do
Evangelho de Mt 17, 1-9 - Transfiguração do Senhor
Quarta-feira 06 de
Agosto
A fonte de inspiração e a referência essencial
de nossa vida cristã é a nossa solidariedade com Jesus, melhor, a inclusão nele
de nossa humanidade regenerada. Nossa vida, morte, dor e sofrimento estão
incluídos na obra redentora de Jesus, pela qual somos reconciliados com o Pai. Nele,
a vitória não é da morte, mas sim da sua ressurreição, graças à qual Ele vence
tanto a morte física como a morte do pecado, vitória definitiva do primeiro de
todos os homens e primícias de todos os outros. No dizer de S. Gregório de
Nissa, nós somos o espelho, no qual se reflete a única e perfeita imagem que é Cristo.
Assim, na sua humanidade, transparece o que cada ser humano pode e deve se
tornar futuramente, verdade que faz da Transfiguração o momento sublime da certeza
de que o homem, caído em Adão, reergue-se em Cristo. A única exigência é compreender
o benefício de crer sem ter visto.
O
Deus-Homem quer partilhar conosco a luz divina, que nele resplandece plenamente.
Assim, no alto da montanha, contemplando a face do Cristo transfigurado, os
Apóstolos sentem-se inebriados, e pasmos, desejam perpetuar aquele momento:
“Façamos três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Emocionados, veem Jesus falando com Moisés, o
grande legislador de Israel, e com Elias, o maior dos profetas. Partilham da
glória de Cristo. De fato, no contato com os Apóstolos, longe de se evaporar na
glória celeste, a humanidade de Jesus permite-lhes contemplar a luz eterna de
sua divindade e compreender que o ser humano, desde a sua queda, é chamado a se
reerguer, na certeza de que desde agora, misteriosamente, na vitória de Cristo,
ele já é vencedor. Então, no Messias humilhado e sofredor da cruz, como os
Apóstolos, nós não deixaremos de contemplar o Filho do Homem, que nos conduz ao
Reino misericordioso do Pai.
Realidade
consoladora e confortante, que leva o Apóstolo Pedro a exclamar: “Rabi, é bom
estarmos aqui”. Experiência de união mística com Deus. Mais tarde, extasiado,
S. Gregório Palamas confessa: “Se o corpo deve tomar parte, com a alma, dos
bens inefáveis no século futuro, é certo que também deles deve participar, na
medida do possível, desde já”.
Em suma, a
Transfiguração assegura-nos a manifestação final das Primícias, quando Deus
será tudo em todos. Pela misericórdia divina, os corpos dos bem-aventurados, na
medida de sua fé e de suas obras, de sua esperança e de sua caridade,
tornar-se-ão semelhantes ao corpo glorioso do Senhor. Lá, no alto do monte
Tabor, engalado de luz, Jesus prenuncia o nosso estado glorioso no céu, onde o
brilho da alma, na comunhão com Deus, tornará nossos corpos ressuscitados
“gloriosos”, livres dos incômodos terrestres e participantes da glória de Deus.
Realizam-se as palavras do Apóstolo: “Cristo em vós, esperança da Glória” (Col
1,27).
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, o.f.m.
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