Reflexão do Evangelho de Mt 15, 1-2.10-14 - Discussão sobre as tradições farisaicas - Terça-feira 05 de Agosto
Reflexão do
Evangelho de Mt 15, 1-2.10-14 - Discussão sobre as tradições farisaicas
Terça-feira 05 de Agosto
Os pensamentos dos que o rodeiam e suas considerações evasivas não
passam despercebidos a Jesus, que conhece “até suas intenções interiores mais
profundas” (S. Clemente de Roma). Por isso, com carinho, Ele leva seus discípulos
a se desprenderem das práticas farisaicas, meramente exteriores e insuficientes,
e que eram impostas ao povo, qual fardo insuportável. De fato, por atribuírem o
máximo valor aos insignificantes preceitos da Lei, estendendo-os à vida comum
de cada dia, os fariseus são recriminados por Jesus pela sua hipocrisia, não
enquanto simulação, mas como exagerado legalismo, que impede o povo de
reconhecer a misericórdia como Lei básica da Aliança divina.
Acima das
prescrições e sacrifícios, Jesus descreve a honra e o culto devidos ao Pai,
jamais a expensas do amor ao próximo. Ouvindo-o, a multidão se alegra, permanecendo,
porém, um tanto ressabiada, porque acolher a palavra de Jesus é colocar-se
contrário aos escribas e fariseus. Mas, pouco a pouco, uma luz interior envolve
os ouvintes e eles certificam-se de que o amor, anunciado pelo Mestre,
corresponde às palavras dos profetas, que anunciavam a misericórdia divina,
para além da intransigência e do falso legalismo.
Em
outras palavras, os ensinamentos de Jesus não se confundem com as prescrições farisaicas,
pois não revelam apenas costumes, falam com ardor dos mandamentos de Deus, nosso
Pai eterno. Longe de querer escravizar os ouvintes, o desejo do Mestre é torná-los
livres de desvios egoístas para poderem, com os olhos de Deus, entender que a
verdadeira impureza procede do interior da pessoa, não do exterior. Aliás, para
viver a pureza de coração é necessário passar das práticas exteriores às
interiores, o encontro com Deus é fruto de uma intenção reta e íntegra.
Em suma, Jesus os exorta
a se deixarem guiar pela prática do primeiro e maior mandamento da Lei de Deus,
o amor misericordioso, vivido e testemunhado, jamais eclipsado. Se os fariseus
não compreendem Jesus e bradam injúrias contra Ele, a multidão, ao invés, rende-se
aos seus ensinamentos, ao menos, temporariamente.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, o.f.m.
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