Reflexão do Evangelho de Lc 1,39-56 – Assunção de N. Senhora - Domingo 17 de Agosto
Reflexão
do Evangelho de Lc 1,39-56 – Assunção de N. Senhora
Domingo
17 de Agosto
Nessa
passagem do Evangelho, ao iniciar o relato com a expressão “naqueles dias”, S.
Lucas designa os acontecimentos primordiais, remetendo seus leitores às origens
da fé. Igualmente, destaca a prontidão, disposição constante de Maria,
refletida no fato de ela ir imediatamente à casa de Isabel para servi-la. S.
Bento comenta: “Maria vai no passo alegre da obediência e na agilidade do temor
de Deus”. A mesma ideia é frisada por S. Ambrósio ao dizer: “Maria é movida
pela alegria de servir, levada pela piedade em cumprir seu dever de parente e
pela pressa do júbilo. Repleta de Deus, como não alcançaria vivamente os cumes
da caridade? O dom do Espírito Santo ignora toda demora!”
Maria parte com a prontidão da caridade. Ao
chegar à casa de sua prima, abrem-se os olhos interiores de Isabel e ela
vislumbra uma luz que ninguém poderá obscurecer. Em seu seio estremece a
criança, seu filho João é santificado, e ela “ficou cheia do Espírito Santo”. Diante
de tal cena, Orígenes proclama: “A voz da saudação de Maria, que chega aos
ouvidos de Isabel, plenifica João com o Espírito Santo, e sua mãe torna-se como
que a boca do seu filho, profetizando: ‘Tu és bendita entre as mulheres, e o
fruto de teu ventre é bendito’”.
Maria
é portadora de Jesus, mas também do Espírito Santo, tanto na Visitação, quanto
em Pentecostes, de tal modo que a missão de Maria encontra sua fonte e
realização no misterioso poder do Espírito Santo. À luz do relato da Visitação,
S. Ambrósio nota “uma regra de vida, em que o superior vem ao inferior para
ajudá-lo: Maria vem a Isabel, Cristo a João. Assim, mais tarde, o Senhor virá
no batismo de João para santificá-lo”. O protagonista da história da ação
divina é o Espírito Santo, que, comunicado por Jesus, coloca a humanidade em
contato com o “fogo” purificador e santificador.
Maria “encontrou graça diante de Deus” e
sobre ela virá o Espírito Santo, “por isso o Santo que nascer de ti, diz o
anjo, será chamado Filho de Deus”. A
vocação de Maria não se esgota na chamada de Deus, nem em sua resposta, orienta-se
para a missão que ela terá como Mãe do Filho de Deus e, nele, de todos os
homens. Delineia-se assim a história da vocação dos Apóstolos e a de cada um de
nós: chamada, resposta, missão. Ao reconhecer o primado de Deus e da graça, Maria
é modelo para todos. Voltada para Deus, ela se coloca no cumprimento de sua
vontade e no serviço aos seus semelhantes. Não há como vacilar. Realiza-se em
Maria a esperança que palpita em nossos corações. “Após ter terminado o curso
de sua vida, ela foi elevada, em corpo e alma, à glória celeste”. É a Assunção
de Maria, que nos precede na glória do seu Filho Jesus.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.
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