Reflexão do Evangelho de Mt 25, 14-30 - Parábola dos talentos - Sábado 30 de Agosto
Reflexão do Evangelho de Mt 25, 14-30 - Parábola
dos talentos
Sábado 30 de Agosto
Jerusalém está bem próxima. Avizinha-se
o fim e Jesus já antevê a cruz como serviço supremo a ser realizado em
benefício de toda a humanidade. Nessa situação compreende-se o fato de os
discípulos pensarem que o Reino de Deus ia se manifestar imediatamente. A
exigência de estar preparado para aquele momento não leva à utopia de se sentir
livre das responsabilidades da vida presente. Muito pelo contrário. Ela
postula, justamente, a necessidade de assumir os trabalhos de cada dia. Por
isso, Jesus arrefece o entusiasmo pela vinda imediata do Reino, contando-lhes a
parábola dos talentos.
Ao viajar “para uma região
longínqua”, um homem de nobre origem distribui aos seus servos, uma determinada
quantia de bens, que eles deverão restituir com lucro. O fato reflete a
confiança depositada pelo proprietário em seus servos, aos quais ele confia o
seu dinheiro, a cada um segundo a sua capacidade. Nessa situação, encontra-se
cada um de nós. Deus nos concedeu o tesouro da vida, os dons do amor e os bens
que possuímos. Podemos escondê-los e seremos ricos interiormente, mas pobres
diante de Deus. Pois Ele espera que produzamos frutos e sejamos leais à sua
mensagem durante a sua ausência, administrando com fidelidade os dons recebidos.
Ele retornará; e há de se estar preparado para esse momento.
Eis a grandeza e a delicadeza do amor
divino. Sem ofuscar a beleza da mensagem evangélica, os dons recebidos tornam-se
força capaz de fecundar nossa vida humana em seu ser e agir, aperfeiçoando-nos
e conformando-nos sempre mais à imagem e semelhança de Deus. Assim, para S.
Boaventura, “o dom de Deus, se ele for acolhido, torna o homem mestre dele e do
universo. A criação não será um oceano de passividade. Ela é Deus infinitamente
fecundo, engendrando filhos que conduzem a ele a criação inteira e a humanidade
da qual eles não são só pedras inanimadas, mas membros vivos” (Étienne Gilson).
Segundo alguns autores cristãos
posteriores, a parábola desvela o princípio-chave de compreensão da vida
humana, expresso na fórmula: “gratia supponit et perficit naturam”. A natureza,
aperfeiçoada pela graça, cruza o portal da esperança no encontro com o seu
Senhor. Não são duas realidades que se justapõem. É a realização da natureza,
que atinge a sua perfeição, pelo dom da graça.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, o.f.m.
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