Reflexão do Evangelho de Mt 16, 13-19 - Confissão de S. Pedro - Quinta-feira 07 de Agosto
Reflexão do
Evangelho de Mt 16, 13-19 - Confissão de S. Pedro
Quinta-feira 07 de
Agosto
Na bela cidade de
Cesareia, reedificada pelo tetrarca Felipe no ano 3-2 a.C, Jesus interroga seus
discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” A própria pergunta sugere um
ponto de vista humano. A opinião popular identificava-o com um dos profetas do
passado. “Disseram-lhe: uns afirmam que és João Batista, outros que és Elias,
outros, ainda, que és Jeremias ou um dos profetas”. Voltando-se para os
Apóstolos, Jesus pergunta: “E vós quem dizeis que eu sou?” Eles pressentem, diz
S. Hilário, que, “para além do que se via nele, havia algo mais”. A resposta decisiva
e imediata, em nome de todos, é dada por Pedro. Não fundado em premissas
puramente humanas, mas inspirado por Deus, ele proclama a sua natureza divina:
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Profissão de fé, confirmada por Jesus:
“Não foi carne ou sangue que te revelaram isto, e sim o meu Pai que está nos
céus”. Por revelação do Pai, ele reconhece Cristo em nome dos Doze. De fato, à
sua identidade só se chega pela fé, horizonte no qual Pedro se coloca.
Desde então, Jesus
não mais pergunta, apenas profere algumas afirmações. Ao Apóstolo Pedro, ele declara:
“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja”. Ratifica o nome dado
a Simão, em seu primeiro encontro, e o designa como fundamento de sua Igreja,
que supera a “qahal”, assembleia dos
fiéis, do Antigo Testamento. Teodoro de Mopsuéstia comenta: “Ao dizer que sua
confissão de fé é uma rocha, Jesus afirma que, sobre esta rocha, construiria a
sua Igreja”, sacramento da unidade do Deus Trino. Cabe a Pedro solidificá-la,
confirmando os irmãos na fé e na prática da fé.
Ao
dizer-lhe: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será
ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”, Jesus
confere-lhe poderes de ordem espiritual, que evocam a ideia rabínica de excluir
da comunidade ou nela admitir. A Igreja se perpetua: “Eu estarei convosco até o
fim dos tempos”, pois Ele não a abandona às forças da destruição, e a função do
Apóstolo Pedro continua, através de seus sucessores, até nossos dias. S. Leão
Magno lembra que “o primeiro a reconhecer o Senhor é o primeiro em dignidade
entre os Apóstolos”. Caracterizam-no a prontidão de um coração caloroso e,
sobretudo, a acolhida do dom de Deus: natureza e graça divina, manifestada em
sua infinita misericórdia, pedra angular da Igreja. Orígenes exclama: “É belo
que Pedro tenha dito ao Salvador: ‘Tu és o Cristo’; melhor ainda, o fato de ele
reconhecê-lo como ‘o Filho do Deus vivo’. O próprio Jesus dissera, pelos
profetas: ‘Eu sou o Vivente!’ No Evangelho, Ele proclama: ‘Eu sou a Vida’”. A
profissão de Pedro, proclamada por seus sucessores, é proferida por todos os
que, na fé, acolhem Jesus, que os encoraja, dizendo-lhes: “Bem-aventurados sois
vós”. E neles refulge a luz do Pai.
Dom Fernando Antônio Figueiredo,
o.f.m.
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