Reflexão do Evangelho de Lc 14, 15-24 - Os convidados que recusam o banquete - Terça-feira 04 de Novembro

Reflexão do Evangelho de Lc 14, 15-24 - Os convidados que recusam o banquete
Terça-feira 04 de Novembro
      
       O Reino de Deus vai além de toda imaginação humana. Uma das mais belas imagens para descrevê-lo é o banquete, descrito como uma festa promovida por um rei em honra do seu filho. Pela resposta dada pelos convidados, deduz-se que há uma condição para participar dele: ser interiormente desapegado dos bens materiais. S. Cirilo de Alexandria comenta o fato de eles terem “desdenhado o convite, porque estavam voltados para as coisas terrenas e tinham concentrado sua mente nas vãs distrações deste mundo”. Afazeres diversos, o serviço no campo, a “mulher” os impedem de atender ao convite do rei, ainda que enviado com muita antecedência. Verdadeira afronta, pois rejeitá-lo, no último momento, era negar-lhe a devida honra.  
O rei então resolve substituí-los por aqueles que perambulavam nas praças e ruas da cidade. “Que venham, diz S. Agostinho, os mendigos, já que quem convida é aquele que sendo rico se fez pobre por nós, para que os mendigos nos enriqueçam com a sua pobreza”. O banquete está preparado, e ainda há lugares vazios. Os servos saem pelas estradas e jardins, e chamam os que não residem dentro da cidade, até que a casa fique realmente cheia. Na sala repleta, reúnem-se bons e maus, pecadores e estrangeiros, sinal da grandeza de coração do dono da casa, em claro contraste com a maneira desdenhosa dos primeiros convidados. Estes correm o risco de não mais encontrarem lugar no banquete de Deus.
O convite é dirigido a todos, sem ambiguidades de natureza discriminatória. Mas apesar da insistência do chamamento do Mestre, os chefes religiosos permanecem em sua rigidez de visão e, autossuficientes em assuntos religiosos, não aceitam participar do banquete messiânico. Em lugar deles, trajando as vestes apropriadas para a festa, unem-se a Jesus os mendigos e publicanos. Em suma, o encontro messiânico está aberto para acolher a todos, embora nem todos dele participem. Nesse sentido são emblemáticas as palavras finais da parábola: “Há muitos chamados, mas poucos escolhidos”.   


Dom Fernando Antônio Figueiredo, o.f.m.

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